A CASA DE THOMAS BERNHARD

A casa nos arredores de Ohlsdorf-Obernathal é sombria, ventos uivantes de cenário repetitivo, tardes de coloração cinza tingem a neve que se amontoam lá fora.
Sinto frio, por entre a janela posso ver as árvores tingidas de branco, com o gotejar endurecido em formas de lágrimas penduradas em suas folhas.
Fora sempre assim, entra e sai estação e o cenário continua o mesmo.
Dentro da casa, lembro-me ainda, tinha o calor aconchegante da família, fogo na lareira, chás quentinhos, estórias saindo das prateleiras. Finais de semana, o passeio era na missa da igreja que ficava aqui pertinho.
Era quando se encontrava os amigos das casas vizinhas.
As brincadeiras mais comuns eram de guerra de neve, as vezes até machucava, era cada bolada no rosto!
Enfim, todos se foram, sinto-me tão só! porque me abandonaram? Acho que não! Pensando bem, eu me lembro agora, nunca quis sair daqui, nem sei por quê! Eu nem gosto desse ambiente! Mas... quem é aquele homem olhando os retratos, o que será que ele quer? Não vou permitir que ele os toque, é a minha família, porque nos olha assim? Sai daqui!!! Ele não me ouve, estou ficando com medo, quero sair, correr, mas não consigo! Estou preso?

24/02/07