O Corvo Maldito
Vai negra ave assim maldita,
Lança tuas asas sobre minha sina,
Teu gracejar é a palavra dita,
Aos olhos mórbidos d’uma menina
Maldito! Nem ao leito da morte,
Tem sequer a fúnebre emoção,
Voa-te e que tua pútrida sorte,
Leve-te a mais profunda solidão
Vejo minha criança desfalecendo,
Seu olhar perdendo o viço,
E a diabólica ave se contorcendo
Dela a sugar o último riso!
Não morra meu anjinho de luz,
Que eu açoito esta criatura,
Farei essa ave carregar a tua cruz
Levando-a para tua sepultura!
Um ultimo suspiro então gemeu,
Quando o corvo debatia
A lágrima ardente a face escorreu,
Na asa que ao vôo abria
A voz das trevas ecoava pela sala,
No gralhar do preto estorvo,
Matei-o e enterrei-o em uma vala
Este agouro infernal: o corvo