O Corvo Maldito

Vai negra ave assim maldita,

Lança tuas asas sobre minha sina,

Teu gracejar é a palavra dita,

Aos olhos mórbidos d’uma menina

Maldito! Nem ao leito da morte,

Tem sequer a fúnebre emoção,

Voa-te e que tua pútrida sorte,

Leve-te a mais profunda solidão

Vejo minha criança desfalecendo,

Seu olhar perdendo o viço,

E a diabólica ave se contorcendo

Dela a sugar o último riso!

Não morra meu anjinho de luz,

Que eu açoito esta criatura,

Farei essa ave carregar a tua cruz

Levando-a para tua sepultura!

Um ultimo suspiro então gemeu,

Quando o corvo debatia

A lágrima ardente a face escorreu,

Na asa que ao vôo abria

A voz das trevas ecoava pela sala,

No gralhar do preto estorvo,

Matei-o e enterrei-o em uma vala

Este agouro infernal: o corvo

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 01/10/2012
Código do texto: T3909819
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