O Lobisomem de Feira de Santana - IV

Um fusquinha tem bom motor, bom arranque - é um carro que foi criado

para ser utilizado na guerra, atravessar desertos e florestas - mas, nada se compara a ser perseguido por um lobisomem. O bicho alcançava a lateral do fusca, tentava pongar no mesmo - suas unhas ficavam desenhadas na carroceria.

- Peste, esse animal, fera dos infernos, onde encontra tanta energia? Uma velocidade descomunal...

Sentiu o seu retrovisor se desmanchar diante de uma patada da fera. Um dos retrovisores da lateral. Numa manobra brusca, jogou a direção para o lado e conseguiu abalroar a fera, que caiu para o lado. Viu quando o lobo embolava, caindo no mato, na entrada de um dos conjuntos residenciais, que ali se desenvolviam.

- Não tenho mais chance de continuar a minha pesquisa. Não sei, como mas a vadia me descobriu? Mas, como?

Então, refletiu, com a razão.

- Melhor desistir dessa zorra, o quê vou ganhar descobrindo uma manifestação de licantropia nos dias de hoje? O que poderei fazer? Caso pudesse ganhar dinheiro com isso. O que temos? Um jovem seminarista

e uma estranha e bela mulher que nas noites de lua cheia urrava feito lobo selvagem.

Eliane Verica sentiu as dores dominarem o seu ser, e, agora estava ali, estendida no solo - estava despida, em pêlos. A pancada do carro foi forte o bastante para que perdesse os sentidos, porém, não partiu nenhum osso.

Ergue-se , e saiu tranquilamente andando pela pista. Para sua surpresa, o seu corpo foi iluminado pelos faróis de um automóvel. Girou o seu corpo, de forma rápida para o carro. O jovem riu, parou, depois de ter buzinado. Com insegurança, temendo ser uma armação para um assalto. Ficou aguardando, olhava pelo retrovisor a mulher nua, andar sem pressa na direção do carro.

- Fui assaltada, consegui fugir do elemento, tentou me estuprar. Não foi difícil, ele não estava armado. As minhas roupas ficaram perdidas na escuridão do mato.

- Hum...

Disse ele, olhando sem ser discreto para as suas formas. Eliane Verica, com os cabelos curtos, o olhar seco, penetrante. Voz maviosa. Ele olhou com desespero para o lindo par de seios à mostra. As coxas grossas. Sentou, tranquila com a sua nudez exposta - não deu importância ao olhar de tarado do jovem. Ele se quer, ofereceu a sua camisa.

- Moro do outro lado da cidade.

- Vou te levar para a delegacia

- Não, caso more sozinho, vamos para sua casa.

- Moro com minha mãe, muitos irmãos,muita gente em casa.

O fusquinha entrou no motel mais próximo, beirando à pista Contorno.

- Preciso relaxar, depois de uma noite como essa.

- Ele te machucou, tem manchas roxas nas coxas, braços e costelas.

- Machucou um pouco, mas dei o troco, foi embora sem experimentar o meu corpo, caso pudesse matava o maldito.

- Sou da polícia, entrei no último concurso, querendo, poderemos ir na delegacia para você ver os álbuns de fotografia da bandidagem da área.

É assim, a gente prende esses vermes -, em seguida vem os direitos humanos, advogados e soltam. Então, eles voltam para cometerem novos crimes.

Eliane Verica soltou um riso cínico na sua face. Talvez, tivesse ali, um grande parceiro para a sua estadia na cidade de Feira de Santana.

Seria muito bom saber onde moravam alguns criminosos, desses pé-de chinelo, ou até mesmo, os perigosos. O que o desgraçado do seu perseguidor não sabia é que tudo na vida muda, os Pereira de hoje, sabem como agir, a licantropia não rouba tanto a sua razão, a sua personalidade permanece, mesmo que não seja na sua totalidade. O que não se pode conter é a fúria, a sede de sangue - o instinto assassino.

Ela percebeu a sua excitação. Disse:

- Nunca foi tão fácil ter uma mulher, não?

- Com certeza, e de sua beleza, tirei a grande sorte, nem ia passar por aqui, ia pela outra pista.

A sua nudez era estonteante- uma barriguinha lisa, quadril curto, mas bem desenhado. A bunda em harmonia com as coxas. O rosto bonito, de riso fácil. A região pubiana lisa. Mas, o que mais lhe chamava a atenção era o olhar dela, penetrante, hipnotizante, enigmático.

- Não vai tirar a roupa, você não tira o olhar do meu corpo?

Podia ver a lua cheia desenhada na abóboda celestial, acompanhada de muitas estrelas. Ao fitar á lua, o seu sangue ferveu nos canos. O coração disparou, a respiração se acelerou. Sentia o calor no seu corpo, o sangue fervia. Era uma boa noite para ser lobo.

( Continua)

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 29/09/2012
Reeditado em 04/10/2012
Código do texto: T3907476
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