Estranha obsessão.
"Luna", este nome não saia da minha cabeça. Ouvi-la responder a chamada foi como sentir o vento soprando suavemente uma bela canção em meus ouvidos.
Mais um ano repleto de cálculos,historias e ciências. O primeiro dia de aula é sempre bom,todos comportam-se como desconhecidos,olhares se cruzando, e o melhor de tudo : Olhar para os novos rostos e tentar decifrar a vida de cada um deles.
Um rosto angelical chamou a minha atenção,cabelos claros e compridos tornavam-se um perfeita moldura. Sua pele branca destacava um belo par de esmeraldas. Um nome exótico, para uma beleza exótica.
A aula de física dava inicio ao ano letivo. Não pensei duas vezes e me sentei próximo a àquela beldade. Durante o percurso da aula me apresentei e fui "puxando" conversa com Luna. No final do dia pareciamos velhos conhecidos.
- Até amanha!- essas foram as palavras que deram inicio a minha estranha obsessão.
Dias, meses, se passaram e eu já não conseguia esconder o meu desejo de poder tê-la em meus braços, de não ser apenas um simples amigo, eu a queria pra mim.
Lembro-me bem desse dia, era 31 de outubro,chovia forte, e todos preparavam-se para a festa de Haloween da escola.Luna estava radiante no salão de festas, sua fantasia de india caíra perfeitamente em seu corpo escultural. Eu estava fantasiado de médico, assim como nos meus três últimos haloweens.
Dançavamos juntos ao som de uma versão remixada de "Set Fire to the rain" da Adele, quando a chamei para conversar em um local mais reservado, ela assentiu com a cabeça, então saímos do salão. Eu a levei até o laboratório de ciências que ficava no segundo andar.
Finalmente! Estava somente eu e ela! Seria hoje o grande momento, me declararia para ela, e assim poderiamos ficar juntos! Segurei sua mão, olhando nos seus lindos olhos e disse:
- Lu-luna, não sei como lhe dizer isto, ma-mas..
-Não precisa dizer nada Erick, não há nada para ser dito... Somos amigos,não confunda as coisas...- interveio ela
Fora como se algo entrara rasgando o meu peito! Meu mundo, meus sonhos, tudo dependia daquele momento, e ela apenas diz para não confundir as coisas?! Fiquei imóvel por alguns instantes.
Algo estranho me envolveu, uma fúria desconhecida desabrochara de dentro de mim, segurei com força os cabelos de Luna e a arrastei até o armário. Seus gritos eram ensurdecedores. Ainda cego pela decepção, retirei o bisturi do armário... Apaguei...
Acordei sobre uma poça de sangue, meu jaleco estava empapado e vibrante, e ao meu lado, minha índiazinha repousava, quieta como nunca,banhada pela minha loucura... E as esmeraldas? Não havia nada lá, apenas dois orificios vazios e borrados. Não era mais a minha doce Luna...