Aposta mortal

Tudo começou com uma simples aposta, e o perdedor foi obrigado a passar uma noite dentro do cemitério. O garoto tremia de medo enquanto escalava o muro baixo. Levava consigo um cobertor e um travesseiro. Estava muito arrependido por ter aceitado a aposta, pois sempre tivera pavor á pessoas mortas. Pensou mesmo em desistir, mas sabia que se o fizesse, seria motivo de chacota entre os amigos e seria tachado como medroso. Escolheu um cantinho entre as tumbas e se preparou para passar a noite. Torcia para o tempo passar rápido e amanhecer. A noite estava fria, uma lua minguante clareava parcialmente o antigo cemitério. De vez enquanto uma coruja piava lugubremente, fazendo com que os pelos da nuca do rapaz se arrepiassem. Ele bem que tentou se manter acordado, mas acabou não resistindo e dormiu. Despertou algum tempo depois com o som de vozes estranhas e revoltadas. As vozes reclamavam da perturbação da paz e ordenavam que ele saísse daquele local sagrado, ou pagaria com a vida. Apavorado o jovem saltou o muro, esquecendo para trás, seus pertences e a aposta feita. Estava tão amedrontado que nem reconheceu a voz dos dois amigos, que pregaram a peça e agora riam divertidos sentados na beirada de um túmulo. Estavam ainda sorrindo quando uma cova enfrente começou a se abrir e dela surgiu primeiro uma mão e logo um defunto putrefato se arrastou em direção á eles. Os rapazes fitaram boquiabertos a figura que se aproximava. O medo os deixou paralisados e foram alvo fácil da criatura horrenda. Tiveram o crânio quebrado e sugado avidamente. Da pequena janela do quartinho onde vivia, o coveiro assistiu passivamente os jovens serem devorados. Pelo menos por essa noite, ele não ia precisar desenterrar alguém que morrera recentemente para servir de pasto para sua falecida e amada esposa. 18/09/2012