OS FANTASMAS MORAM AO LADO

Noite de tempestade, raios e trovões, os relâmpagos clareavam o céu, Constantina se encolheu embaixo das cobertas, mais trêmula que vara verde, o medo tomou conta de todo seu ser.

A noite Constantina não tinha coragem nem de chegar a janela de seu quarto, pois tinha os fantasmas como vizinhos, isto mesmo, ela morava ao lado do Cemitério do Catumbi, parede colada ao Cemitério.

Com a chuva da noite anterior, o primeiro andar da casa de Constantina ficou todo inundado, das paredes escorriam chorume dos mortos, o odor era insuportável.

Constantina não suportava mais morar naquele lugar, todas as noites eles faziam da sua casa uma área de lazer.

Certa noite, lá estava ela dormindo, quando bateram a porta, ela foi atender e adivinhem quem era? Exatamente isto, era um morto.

Acho que eles pensavam que ela era psicologa, ou coisa parecida, pois usavam os seus préstimos.

Quando Constantina sonâmbula abre a porta, um homem alto, cabelos mesclado com grisalho, olhos azuis, bem vestido, parecia um executivo.

Ele diz:

_ Boa noite, desculpe o adiantado da hora, mais é que preciso muito falar com minha esposa.

_ Senhor sua esposa não mora aqui.

_ Sim eu sei ilustre dama, mas sei que você pode lhe transmitir meu recado.

_ Senhor, não sou psicologa e nem garota de recado.

_ Por favor minha filha, só você pode ajudar a salvar uma vida.

Constantina ouviu o atentamente, ao que ele disse:

_ Minha esposa se chama Rosa e mora na Rua dos Jambeiros nº 243-Valqueire. Diga-lhe que fique calma, eu estou bem e que ela viva a vida dela. Diga lhe que há uma parede falsa, entre o quarto e o banheiro, aonde eu escondi uma fortuna, que ela pegue é dela. Que ela viva o que não vivi. Diga-lhe que a amo e estarei esperando por ela um dia.

Constantina ainda dormindo disse:

_ Sim Senhor darei o seu recado.

Naquela noite Constantina mergulhou em seus sonhos e levou a mensagem a Dona Rosa.

Na manhã seguinte, Constantina acordou e não lembrava absolutamente de nada.

Envolveu-se em seus afazeres e nem lembrou da noite anterior. Bateram a porta e ela foi atender, ao abrir a porta não havia ninguém, apenas um ramalhete de flores, ela pegou e verificou que há um bilhete, que diz:

_ Obrigada por sua ajuda.

Ela não entendeu nada.

Na noite seguinte Lá estava Constantina dormindo, e mais uma vez batem a porta: Toc, toc, toc, ela levanta, e ao abrir a porta, eis que dá de cara com uma mulher, sua aparência é horrível, toda queimada. Ela se dirige a Constantina pedindo ajuda, quer que ela dê um recado ao seu marido, deu lhe o endereço e disse:

_ Diga-lhe que sua vida será um inferno, que ele vai pagar pelo que me fez, não lhe darei sossego, até ele desistir de viver. E a amante dele receberá também seu galardão.

No dia seguinte Constantina acordava exausta, sem forças para seus afazeres.

E mais uma noite estando ela dormindo, batem a porta: toc, toc, toc, e ela foi atender. Um rapaz aparentando seus vinte e cinco anos, com uma aparência desagradável, segurava sua cabeça em sua mão, dizendo:

_ Você precisa me ajudar!

_ Como posso lhe ajudar? - Perguntou ela.

_ Preciso que diga ao Roberto, meu falso amigo, que o levarei para o mesmo inferno que ele me mandou, e que ele não ficará com ela, ainda sinto o machado cortando minha jugular, entregue isto a ele.

O fantasma era tão assustador que Constantina acordou de susto e mais susto levou quando se deparou com aquela cabeça em suas mãos. Ela ainda ouviu o som kkkkkkkkkkkkkkkk

Constantina não entendendo o que acontecia na sua casa à noite,procurou ajuda na Igreja Católica local, falou com o Padre da Comunidade, que a escutou atentamente, e disse-lhe:

_ Eu vou lhe ajudar minha filha. - pediu a ela que naquela noite ele iria lá com o coroinha, e que ela deixasse a porta aberta quando fosse dormir.

Assim fez Constantina, naquela noite foi dormir mais sossegada. E naquela noite ela deixou a porta aberta. A noite já se adiantava quando o padre chegou, já estranhou que em sua porta havia uma fila enorme de pessoas aguardando. Ele foi entrando na casa e para seu espanto, a casa também estava cheia de pessoas.

O Padre chamou o coroinha, ajoelharam no chão da sala e começaram a orar por aquelas almas, para que seguissem sem caminho e deixassem os vivos em paz. - ficaram assim por muito tempo, depois foram abrindo os olhos lentamente e verificaram que os falecidos tinham partido. O Padre aproveitou para dar uma olhada em toda a casa e benzê-la com água benta. E quando entrou no quarto da Constantina, eis que vê uma mulher sentada na cama de Constantina,ele se aproxima e fala com ela:

_ Quem é você?

_ Sou a mãe dela.

_ O que queres aqui?

_ Preciso que dê uma mensagem a Constantina.

_ O que queres que lhe diga?

_ Diga-lhe que venda esta casa e saia daqui, só assim ela encontrará paz.

_ Está bem, darei seu recado, agora siga seu caminho em paz.

Após este episódio, o Padre e o coroinha se foram. No

dia seguinte o Padre deu o recado a Constantina, que colocou a casa a venda, pensando o quanto seria difícil alguém querer comprá-la.

Para seu espanto, no dia seguinte o Corretor lhe deu a notícia da venda da casa, que foi vendida para um Senhor esquisito, que fez questão de fazer todo o negócio à noite. Brzbrzbrzbrs