O Baú
ESTAVA DE FOLGA, ENTÃO RESOLVI ESCREVER UM CONTO SIMPLES, ESPERO QUE GOSTEM.
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Estava escura a casa, pouquíssima luz entrava pelas frestas das janelas. A pequena Elisabeth corria ansiosa por encontrar um lugar para se esconder, no térreo o primogênito Charlie contava até trinta. Ela correu pelo primeiro andar, mas não encontrou um bom esconderijo, então desceu a escada pisando em ovos, foi até a cozinha e abriu a porta do porão.
Diante dela estava uma escada para debaixo da terra, era assustador em dias comuns, mas não naquela euforia.
— Vinte, vinte e um, vinte e dois... — Charlie contava.
Seus pais não estavam em casa.
Ela fechou a porta lentamente e desceu, acendendo a luz assim que encontrou o interruptor, com o porão iluminado ela fez uma breve varredura no cômodo: vassouras penduradas, caixas de papelão, uma mesinha, prateleiras e um baú. Restava pouco tempo, Elisabeth correu para o baú e tentou movê-lo para não ficar tão óbvio, mas o baú ou era pesado demais ou estava preso ali.
Ela o abriu facilmente, apagou a luz e correu para dentro dele. O fechou.
Escuridão e silêncio.
Charlie foi ao primeiro andar e por lá permaneceu procurando em cada canto de cada cômodo por sua irmãzinha, que não estava no quarto dos pais, no dele nem no dela. Ele olhou nos banheiros, corredores e sótão, mas nem sinal dela.
Dentro do baú Elisabeth sentiu um frio absurdo. Estremeceu toda e nem sinal de seu irmão. Ela relaxou, precisava ficar quieta para não ser percebida. Sentiu uma coceira nas costas e se mexeu para aliviar. Sentiu um movimento por baixo dela no baú, logo sentiu o arrepio e uma presença. Engoliu um grito e sentiu algo gelado encostado a ela.
Ficou paralisada, não conseguia mover-se, tampouco gritar.
Então a porta do porão foi aberta e ela se remexeu fazendo barulho no baú, o irmão percebeu e correu para ajudar. Elisabeth se sentiu sendo puxada, cada vez mais para baixo como se houvesse espaço.
Fechou os olhos e apertou forte, então o fundo falso do baú cedeu e ela caiu num buraco negro, em cima de algo sólido como gravetos.
— Charlie!!! — Gritou ela.
Sentiu algumas coisas roçando, o mau-cheiro era imenso. Estava numa cova com ossos velhos, vermes e um corpo em decomposição.
...
— Elisabeth! Você está bem?
Ela se viu sendo puxada para longe, então abriu os olhos e percebeu que estava deitada na cama, tinha urinado na cama.
Foi só um pesadelo. – Pensou.
— Eu sonhei. — Disse ingenuamente.
Charlie entendeu e a deixou.
Elisabeth se levantou e nem se deu o trabalho de trocar de roupa, saiu correndo escada a baixo até a cozinha, hesitou diante da porta e a abriu, foi ao porão e acendeu a luz. Queria comprovar se o grande baú estava lá.
Ele estava sim.
Estava aberto, seu pai estava colocando o conteúdo de uma mala lá dentro. Era a mamãe despedaçada. A boca de seu pai estava lambuzada de sangue, ele tinha um pedaço do antebraço na boca.
A realidade era ainda pior, Elisabeth sentiu seu estômago embrulhar e desmaiou. Quando acordou estava no céu.
SAD END!