A RUA DO CEMITÉRIO - CAPÍTULO II
Os dias foram passando, e Florisbela sempre na expectativa de reencontrar aquele elegante rapaz, do qual ela se deu conta que não sabia nem o nome. Ela não perdia as esperanças de vê-lo novamente.
Após um longínquo período e digamos que para Florisbela pareceu uma eternidade, uma noite, ao entrar em sua rua quem ela avista, encostado ao Cemitério Israelita, com o pé na parede, com um cigarro na boca dando suas tragadas, diga-se de passagem aquele cheiro incomodava muito a Florisbela, o próprio.
Florisbela ao avistá-lo, pensou consigo, hoje vou perguntar o seu nome, e ele terá que me dar o número de seu telefone.
Ela foi se achegando, seu coração batia num ritmo acelerado, parecia que iria saltar pela boca. Florisbela procurou se refazer, para que ele não a tomasse por oferecida.
Ele também demonstrava muito emocionado com este reencontro. Ao se aproximarem, ele como sempre galanteador disse:
_ Posso acompanhar esta linda princesa ao seu Castelo?
Florisbela não se continha e quase deixando transparecer sua euforia, respondeu:
_ Claro! Claro!
_ Desculpe-me Princesa, a demora, mas tive novos compromissos aonde moro, estava recebendo meus parentes em casa, chegaram para agregar a família.
_ Que falta de educação a minha, não nos apresentamos.
_ Meus pais me batizaram como Antonio Carlos Barreto, mas na minha vizinhança sou conhecido como Tonhão e você minha princesa, como se chama?
_ Bem, bem, meu nome é Florisbela, mas não gosto dele.
E assim os dois caminhavam por aquela macabra rua a luz do luar, proseando como velhos amigos. Florisbela, ah! ah! ah!...suspirava, estava com os quatro pneus arriados pelo galanteador, sem a mínima noção do risco que corria. A lua clareando a noite conspirava a seu favor.
Eles caminharam, caminharam, e caminharam, a vista horripilante, só se via catacumbas, mausoléus, criptas, e covas rasas.
A rua parecia uma eternidade, nunca chegava ao seu destino, mas vocês pensam que ela estava preocupada com isto? Que nada estava tão embriagada de paixão que nem se deu conta. E esta caminhada perdurou por toda a noite.
No dia seguinte Florisbela acorda atrasada para o trabalho, ainda embriagada de paixão, sem entender o que acontecera, pois seu lençol estava rubro. Florisbela não entendendo bem o que teria acontecido, tenta levantar-se para ir ao trabalho, mas não consegue, pois suas forças foram sugadas. Sua mãe preocupada com ela, quer levá-la ao médico, mas ela se recusa. Então sua mãe a alimenta, para que recupere suas forças.
Por mais que Florisbela se esforçou não conseguiu compreender o que aconteceu, pois só se lembrou que o seu ilustre galanteador a acompanhou a até sua casa, mas não lembrou como chegou e nem dele ter se despedido.
Florisbela retomou sua rotina, e passaram-se muitos dias sem que o Antonio aparecesse, sua ausência deixou Floris intrigada, e pensou consigo, o que será que ele esconde, por que não me deu seu telefone?
Florisbela sentiu-se mal no trabalho e foi levada para a emergência, o médico a examinou, pediu alguns exames e ela retornou para sua casa.
Passado algum tempo, Florisbela retornou do trabalho e encontrou seu amado. E pensou hoje ele vai ter que me explicar:
Antonio se achega cheio de paixão e sem ela esperar, ele lhe roubou um beijo, daqueles de tirar o fôlego. E Florisbela mais uma vez entregou-se a sua paixão, subindo nas nuvens, como a viver um conto de princesa. Antonio era capaz de tirar a Florisbela da razão.
_ Florisbela eu estou enamorado por te, e gostaria que conhecesse minha família.
_ Quando você quiser, meu amor.
_ Hoje gostaria que você conhecesse meu primo rico, que mora aqui perto.
Florisbela vendo que o romance estava tornando-se sério, não via a hora de conhecer toda sua família. Pois como pensam as meninas, sonhava com um casamento por amor e claro de princesa.
Mas este casamento está mais para terror do que de princesa. Como era ingênua aquela menina.
Caminharam boa parte da rua até que o galanteador parou em frente ao Cemitério dos ricos no caju, tem que ver é de rico mesmo, tem até cremação. Sem contar com o Mausoléus, que mais parecem mansões.
Antonio disse a Florisbela:
_ Chegamos, minha querida.
_ Como assim, não entendi, chegamos aonde?
_ Ora, ora, na casa do meu primo rico.
_ Mas, mas, ele...mora aquiiiiiiiiiiii?
_ Sim! Minha amada! Entremos.
Florisbela tremendo dos pés a cabeça, falou:
_ Antonio, o que seu primo faz aqui?
_ Não se preocupe querida, logo verá.
E seguiram cemitério adentro, era um cemitério de ricos parecia até um condomínio de luxo. Em cada mausoléu havia iluminação e vozerio, como se estivessem dando uma festa.
Antonio parou diante do Mausoléu mais pomposo do cemitério, e disse:
_ Chegamos, é aqui.
_Como alguém pode morar num lugar desse?
De repente um mordomo abre a porta, reconhece Antonio e os conduzem ao interior do Mausoléu.
Eles entram, Floris agarrado braço de Antonio, já lhe faltando forças.
Quando o mordomo chega diante de uma cripta e anuncia a chegada de Antonio:
_ Senhor, mestre dos mestres, seu primo acaba de chegar.
Uma enorme cripta negra se abre e eis que surge um homem enorme e se encaminha para as visitas:
_ Como vai primo pobre.
_ Melhor agora, primo rico. Gostaria de lhe apresentar minha amada e mulher de minha morte.
_ Muito Prazer, querida, kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, seja bem vinda a família.
_ O desprazer é me me meuuuuuuuuuuu.
Florisbela não gostou nada, nada do que vira, e pensou em sair dali correndo, mas se conteve.
_ Tomas um copo comigo?
_ Claro primo rico, não haveria de lhe fazer esta desfeita.
O Mordomo trouxe três taças e uma jarra com um líquido vermelho, eles beberam de lamber os beiços, Floris recusou-se.
Os primos colocaram a prosa em dia, falaram de toda a parentela.
Florisbela preocupada com o adiantado da hora chamou o para irem embora. Despediram-se e Florisbela tremia mais do que vara verde. Quase meia noite e ela pensava como atravessaria o cemitério aquela hora. Agarrou-se no braço de Antonio e seguiu. O cemitério estava cheio de pessoas passeando, alguns casais sentados em bancos como a namorar, outros sentados em túmulos e ainda outros fazendo seu passeio noturno. O medo tomava conta de Floris, enquanto seu a amado a amparava.
Algumas pessoas aproximavam-se querendo tocar em Floris, que era defendida por Antonio. Lá iam eles, quando de repente Floris sente uma mão fria segurando seu tornozelo, ela olha para o pé e desmaia, era uma mão saindo da terra.
Continua...