O ÚLTIMO SANGUINÁRIO
A escuridão descia sobre o Castelo do Senhor Anacleto, anunciando mais uma noite de pavor e sangue.
Conta-se que o Senhor Anacleto vem de origem de uma família aristocrata da Idade Média. Sua família era riquíssima, o Senhor Anacleto nasceu em berço de ouro, pois nada fizera para acumular tal riqueza.
Sua riqueza em terras excedia a vista, ele próprio não tinha noção de tamanha riqueza, a qual era controlada por seu Guarda Livros.
Seus ancestrais, invadiam propriedades alheias, matando a todos e apossando-se de suas terras e demais riquezas.
Naquela época a maior riqueza que poderia existir, era a posse de terras.
Seus antepassados eram tão maléficos que em suas invasões matavam desde criança até o chefe da família, não poupando ninguém, depois tomavam seu sangue, acreditavam que desta forma viveriam mais.
Sua fama corria de que tinham pacto com o diabo, não se sabia que pacto era este, mas o diabo certamente sabia, e um dia voltaria para cobrar.
Em um ataque a uma destas propriedades, após as matanças, havia uma criança que não se sabe por que, mas não conseguiram matá-la. Ela crescera tornando-se um adulto e não mais envelhecera; as pessoas de sua geração estranhavam, que ele permanecesse sempre jovem.
Conta-se que a família de Anacleto vivia muito, pois tomavam o sangue de suas vítimas, fortalecendo-se e perpetuando sua descendência.
A noite Anacleto costumava dar seu passeio costumeiro. No dia seguinte corria o boato de que alguém havia sido assassinado, e perdera todo seu sangue.
Ao anoitecer a população entrava em pânico, fechavam suas casas, pois sair a rua era sinal de morte certa.
Alguns desavisados, ou estrangeiros que saiam a noite não retornavam mais, e no dia seguinte viravam noticias.
Todos os ancestrais de Anacleto deixavam descendência, no entanto ele já estava esgotando o seu tempo de ter o seu herdeiro; preocupado com isto, tratou de começar a busca por uma moça para desposá-la, pois seus antepassados deixavam este ensinamento de pai para filho, na idade da procriação deveria levantar descendência.
Anacleto nunca tivera uma namorada, pois todas as moças o temia, por sua fama.
Para levantar descendência, ele não teve outra saída senão atraí-las com a sua riqueza.
Programou um baile em seu Castelo, e enviou convite a todas as moças da redondeza, anunciando no convite que daria metade de sua fortuna ao pai da moça escolhida.
Apesar do medo, isto encheu os olhos dos pais, que imediatamente confirmavam presença.
Anacleto entusiasmou-se com o baile, afinal teria a chance de ter seu herdeiro.
Ordenou aos serviçais que organizassem um belo baile, e no dia da festa ele não se continha de felicidade.
É chegada a hora do baile, Anacleto recebera as mais formosas jovens e dançou com todas. Entre elas havia uma mais formosa que todas, tinha a pele clara como a neve, cabelos negros e longos, dois lindos olhos negros, como duas jaboticabas.
Ele encantou-se pela moça, e pensou consigo que havia encontrado a moça certa para ser a mãe de seu filho.
Anacleto a escolheu e combinou tudo com seu pai, para marcarem a data do casamento em dois meses.
Enquanto aguardava o casamento, Anacleto saia todas as noites, para se fortalecer. No dia seguinte corria a notícia de mais uma vítima.
Passado os dois meses, é chegada a hora do casamento. Tudo no castelo era festa, Anacleto estava radiante, não se continha de felicidade.
Convidou as famílias nobres para seu casamento. A Nobreza estava presente.
Um Clero chegara para a celebração do casório.
A moça adentrou o salão de braços dados ao seu pai, sua beleza chamava a atenção dos convidados, pois nunca vira moça mais bela.
Enquanto seu pai era só sorrisos, a jovem não se continha em lágrimas.
O Clero deu a benção do casamento, declarando-os, marido e mulher.
Todos banqueteavam-se com os mais deliciosos quitutes.
Enquanto isto a noiva não se continha em prantos, pois sentira-se como mercadoria vendida por seu pai.
Após a festa todos partiram, e os noivos seguiram para seus aposentos.
Anacleto só pensava em consumar seu casamento, pois nunca tivera contato físico com uma mulher.
Consumado o casamento, crescia suas expectativas de levantar descendência.
O tempo passava, e nada de sua esposa engravidar.
Então Anacleto voltou aos seus passeios noturnos, acreditando que desta forma se fortaleceria para conceber seu filho, quando ele retornava sua esposa já adormecera.
Assim perdurou até o prazo extipulado pelo diabo.
Passado os sete anos, em uma noite Anacleto saiu para seu passeio noturno, do qual não mais retornaria.
No dia seguinte ele virou notícia.
Conforme testemunha, ele passeava próximo ao cais, em busca de suas vítimas, quando de repente foi atacado por um ser alto, forte que exalava fumaça pelas narinas.
A testemunha disse que se tratava do sobrevivente daquela família atacada por seus ancestrais.
Anacleto fora encontrado morto na beira do cais, sem uma gota de sangue.
Em sua lápide estava escrito:
Aqui jaz o Último sanguinário.