CLÍNICA DE ABORTO - Capítulo III - Final
João ansioso na recepção, andando de um lado para o outro, a sua direita havia uma porta e João entrou, começou a olhar as fotos amareladas pelo tempo expostas na parede, ele reconheceu alguns funcionários, entre eles a recepcionista e o maqueiro que conduziu Juliana ao quarto.
Ele retorna a recepção cada vez mais preocupado, pois se passou mais de duas horas desde que Juliana foi levada. Ele puxou conversa com a recepcionista:
- Você acha que é mesmo seguro?
- Não se preocupe verá que logo ela estará aqui conosco.
- Está demorando muito, teria acontecido alguma coisa?
- Você gostaria de tomar um calmante, relaxar e dormir um pouco?
- Não eu quero esperá-la lúcido.
João já estava preocupado, começou a se arrepender.
Enquanto isso chegavam outras mulheres, que eram conduzidas aos quartos.
Após uma longa espera, João saiu andando pelo corredor da Clínica, em alguns quartos, havia sempre uma jovem a espera, em outros não havia ninguém.
A enfermeira foi procurá-lo, deu-lhe um copo com água e disse:
- Beba você se sentirá melhor.
- João vencido pelo cansaço e preocupação, automaticamente pegou o copo e bebeu o conteúdo.
João sentou-se numa poltrona bege, confortável, daquelas bem antigas e adormeceu. Sonhou que estava casado com Juliana, morando em uma linda casa com seu filho, era um lindo garoto.
Despertou do sono com o médico tocando o seu ombro e dizendo:
- Parabéns você é pai de um lindo rapaz.
- Não entendi?
João Pedro achou que ainda estava dormindo e sonhando com tudo aquilo, e tentou acordar mais não conseguiu, pois estava vivendo uma realidade.
Logo em seguida o médico comunicou-lhe que ele podia vê-la, ela foi levada para o quarto 666, João sai desesperado procurando o quarto, depois de percorrer toda a Clínica finalmente, ele o encontrou, era um quarto mais afastado, com uma inscrição na porta a qual dizia:" Aqui jaz uma família". João achou tenebroso a escrita, mas naquele momento ele
só queria ver Juliana e ter certeza que ela estava bem.
Para sua surpresa ao entrar no quarto indicado pelo Médico, não encontrou Juliana, apenas viu aquele mesmo rapaz que os recebeu na chegada, ele deu um sorriso para João que saiu em seguida.
João saiu correndo pela Clínica a procura de uma resposta. Ao encontrar com o Dr.Alexandre Fleming, ele perguntou:
- Dr.o que houve com Juliana?
- Ela está bem, você não a viu?
- Não Dr. ela não está no quarto 666.
- É claro que está, eu mesma a acompanhei até lá.
- Dr. o que está acontecendo aqui? Eu não estou louco, Juliana não está lá?
- Tenho certeza que está, e vou lhe provar.
No quarto 666, Juliana conversava com o jovem que a recebeu na chegada, e perguntou:
- Quem é Você, desde que cheguei você me acompanhou, tão gentil, cuidou sempre de mim, eu te conheço?
- Sim no seu íntimo você já me conhece, e me ama muito.
- Espera aí, você não é aquele rapaz na estrada, pedindo carona?
- Sim sou em mesmo, e quero que saiba que estou muito feliz de tê-la como mãe.
Juliana caiu em prantos, e começou a entender tudo.
Nos dias seguintes, logo cedo o rapaz era o primeiro a entrar no quarto, para visitar Juliana, e ele falou:
- Mamãe, que nome me dará?
Juliana não se continha em prantos.
E o rapaz continuou:
- Mamãe porque meu pai não me quis? E porque ele não me quer agora?
- Mamãe vamos passear no jardim?
- Claro,meu filho?
- Mãe você já escolheu o meu nome?
- Como gostaria de se chamar?
- Quero ter o nome do meu pai.
- Está bem, se chamará João Pedro Junior.
- Mamãe quando iremos para casa?
E Juliana não soube o que responder, pois a única chance que teve de levá-lo para casa, desperdiçou.
Pensou consigo, como poderia conviver com essas cobranças por toda a eternidade.
Já se passou dez dias desde que chegaram aquela Clínica, João Pedro não entendeu o que estava acontecendo, procurou o médico, para saber aonde estava Juliana e quando poderia levá-la para casa.
O Médico o recebeu em sua sala fria, mofada, a pintura nas paredes denunciava mais de um século, e as fotos amareladas pelo tempo. Ele entrou e começou a inquirir o médico:
- Dr. Alexandre eu preciso encontrar minha noiva e levá-la para casa.
- Sr.João Pedro, sua noiva já está na casa dela, e está só lhe aguardando para formarem uma linda família.
- Mais como ela foi pra casa? Quem a levou?
- Sr. João a casa dela agora é aqui.
- Como assim, está louco?
- Não, mais você está ficando.
Pouco tempo depois, João Pedro se arrastava pela Clínica, feito um alucinado, não falava mais coisa com coisa, finalmente dormiu o sono dos justos e quando acordou foi ao jardim passear.
O Junior levou Juliana para passear no jardim, lá havia uma imensidão de pessoas, entre rapazes, moças, mulheres e até homens, Juliana reconheceu algumas amigas suas, entre elas uma que morreu 2 anos atrás por fazer um aborto.
Juliana estranhou por seu filho ser um rapaz crescido, e começou a conversar com ele:
- Mais você deveria ser um bebê.
- Não mãe, um espírito quando nasce ele já é um adulto. Ele só nasce um bebê se nascer na terra, pois terá que acomodar seu espírito adulto em um corpo tão pequeno.
- Mas aqui não é a terra?
- Não mãe, aqui é outra dimensão.
Neste momento, João Pedro chega ao jardim para passear e para sua surpresa encontrou Juliana, e correu para abraça-la.
- João pedro este é seu filho, o Junior.
- Como assim?
- Aqui o bebê já nasce grande.
João Pedro pensou estar louco, mas se recompôs para tentar entender o que ocorreu ali naquela Clínica.
- Papai por que não me quis?
- Não é que eu não o quisesse, é que no momento nos não podíamos.
O pai arrependido do que fez a seu filho chorou muito, depois pediu perdão a ele e a Juliana de joelhos.
Junior o perdoou e viveram ali em família, por toda a eternidade.