Em um lugar de horrores
Corro desesperada pelas ruas. Atrás de mim estão duas criaturas horríveis. Uma tem a altura de um anão e a pele coberta de feridas. A outra é uma mulher muito alta, magra, de pele rosada e totalmente calva. Entro em um armazém desativado para me esconder. Um som de gorgolejo me assusta. Um homem se aproxima com uma vela e eu sufoco um grito. Metade da face do sujeito tem queimaduras horríveis. Ele tenta falar, mas de sua boca saem apenas grunhidos. Penalizada estendo a mão para tocá-lo, mas nesse momento ele puxa do bolso traseiro uma faca e tenta me atingir. Saio de novo para a rua. Não vejo os outros dois perseguidores. Sinto cheiro de pão e descubro que estou faminta. O aroma está vindo de uma casinha pequena. Decido ir até lá. Vou bater na porta, mas o choro sofrido de uma criança me distrai. Olho em volta e vejo uma menina ajoelhada em cima de pedras. Seus joelhos sangram. Aproximo e tento ergue-la enquanto digo palavras de carinho. A criança interrompe o choro e me olha de forma estranha. Parece estar com raiva de mim. Tento novamente lhe ajudar a se levantar, e então diante de meus olhos a menina se transforma em um coiote negro e me ataca. Sou derrubada e atacada a mordidas. Grito desesperada por socorro. A porta da casa se abre e surge uma velhinha que joga água no animal e ordena que pare o ataque. Assisto entre agradecida e assustada o coiote retomar sua forma de criança e voltar ao castigo anterior. Sou convidada a entrar para cuidar dos ferimentos. A casa é antiga. Cupins devoraram o forro e quase todo o piso de madeira .Quase não há móveis, apenas duas cadeiras ,uma mesa e uma radiola velha. O cheiro de pão me atinge de novo e olho em direção a uma porta, onde acredito estar à cozinha. Seguindo a direção do meu olhar, a senhora que passava um tipo de unguento em meus ferimentos, Sorri bondosamente e diz que vai buscar alguns pãezinhos para mim. No momento em que ela abre a porta da cozinha, uma cena de horror quase me leva ao desmaio. Três mocinhas entre doze e quinze anos estão assando os pães, totalmente nuas. Elas tem queimaduras profundas por todo o corpo e estão acorrentadas pelos pés. A velhinha enche uma vasilha de pão e antes de deixar a cozinha, puxa de dentro do forno um grande espeto e o enfia com vontade nas mãos das garotas. Grito horrorizada, mas escuto as meninas gargalharem e pedirem por mais queimaduras. Fujo daquela casa estranha e entro em uma igreja. Estou decidida a denunciar oque presenciei até agora. Sentada em um banco, aguardo o aparecimento do padre. Enquanto isso vou examinando o local. Acho estranho não haver nenhuma figura de santo, a cruz estar de cabeça para baixo, e todas as velas do altar serem pretas. Com um mal pressentimento me levanto para ir embora, mas nesse instante a porta lateral se abre, e por ela entra um imenso bode preto vestido com uma batina de padre. Desmaio e quando recobro a consciência noto que estou nua e que lascivamente o bode se prepara para copular comigo. Grito com todas as minhas forças, e sou acordada por meu marido que me olha preocupado. Após alguns segundos me acalmo e vou ao banheiro. Uma ardência na perna direita chama minha atenção. Há uma ferida sangrando. Exatamente onde o coiote mordeu. 29/08/2012