CLÍNICA DE ABORTO - Capítulo I
Juliana era uma pessoa mais sensível do que o normal.
Numa tarde ensolarada de verão de 40º, ela saíra mais cedo do trabalho para resolver um problema pessoal.
Em meio a multidão no centro da cidade, Juliana sentia-se sozinha no universo, vagava pelas ruas perdida em seus pensamentos, com um envelope fechado na mão, pois não tivera coragem de abrir.
O que será que tinha naquele envelope? Porque Juliana vagava pelas ruas?
Depois de muito andar sem destino, Juliana teve o silêncio interrompido pela campainha do celular, trimmmmmmmmmmm, Juliana olha no visor, era seu noivo, João Pedro. Juliana hesita um momento antes de atender, e finalmente decide atendê-lo:
_ Aló!
_ Aló! Amor estou ligando para saber como foi lá.
_ Tudo bem.
_ Tudo bem como? O que você quer dizer com isso? Afinal você está ou não está grávida? Não me diga que está?
Juliana sentiu uma tristeza muito grande, pois já sabia a posição do seu noivo, a qual ela discordava - e falou:
_ João Pedro conversamos a noite em minha casa.
_ Juliana eu não acredito que você vai me deixar neste suspense até a noite?
_ João, isto não é assunto para tratarmos por telefone. Tchau te vejo à noite.
Juliana desligou o telefone, e com o envelope na mão ainda fechado, seguiu para casa.
A noite ao chegar em casa toda sua família reunia-se a sala, em torno do piano, sua mãe tocava piano muito bem, e todos gostavam de ouvi-la tocar, João Pedro também estava lá. Ela tocava " Carruagem de Fogo ", que Juliana tanto gostava de ouvir.
Em meio a um clima gostoso em sua casa, ela estava em um clima de tristeza. Ela sempre pensou que o nascimento de uma criança seria sempre uma alegria.
Juliana estava exausta, suada e muito triste, não gostaria de voltar a realidade e ter uma conversa com seu noivo.
Finalmente sem condições de escapar da conversa, Juliana vai até a varanda conversar com o noivo.
Ele muito ansioso, perguntou lhe:
_ E aí querida, como foi lá? Não me diga que deu positivo?
_ Não sei, veja você mesmo.
João Pedro muito ansioso abre o envelope rasgando todo, ao olhar o resultado ele diz:
_ Não! Não!...Não pode ser, não podemos ter este filho!
Juliana não ficou surpresa, pois já sentia que estava grávida. Mãe sente essas coisas. Ficou muito triste com a reação do noivo, mas pensava o quanto este filho lhe faria feliz, e estava decidida a levar a sua gravidez adiante.
Seu noivo falou com ela que não era a hora deles terem este filho pois ele ainda estava se formando na Faculdade de Medicina e ela teria que se formar em Engenharia primeiro. Então ele sugeriu que ela fizesse um aborto.
Juliana relutou, chorou muito, pois não queria matar seu filho.
Ambos conversaram bastante, e o noivo usou diversos argumentos, tais como: não podiam parar de estudar agora, faltava pouco para a formatura, não tinham condições de se sustentarem e sustentar o filho.
Depois de muito relutar e contra sua vontade, Juliana cedeu. Ele dissera que conhecia uma Clínica boa, que tudo seria seguro. Marcaram o dia e horário de irem até a tal Clínica. No dia marcado, o dia amanhece feio, nublado, triste como Juliana. Eles se encontram e seguem por uma longa estrada deserta, saindo da cidade.
Em meio a vegetação e o dia triste e tenebroso, seguiam eles em busca da Clínica. Em um determinado trecho da estrada, eles avistam um rapaz na estrada pedindo carona a eles, mas joão Pedro receoso, não para e seguem em frente.
Mais adiante, um rapaz pede carona e mais uma vez eles seguem sem parar. Juliana dormiu, acordou e nada de chegar, já estava pensando em desistir, quando ao longe o Prédio aparece.
Ao entrar na Clínica, Juliana é recebida por um rapaz, que a conduz até a recepção, mas Juliana tem a impressão que conhece aquele rapaz. O noivo resolve tudo na recepção, enquanto chega um homem negro, alto vestindo branco, aparentando seus trinta e cinco anos, com uma cadeira de roda e num só puxão a coloca sentada.
Juliana é então levada por um corredor longo, escuro e sombrio. Ela começou a sentir a energia do local que é muito sombria.
Então ela cai em prantos...
Continua...