MOMENTOS ATERRORIZANTES!!!
Era um dia como outro qualquer, no grande hospital onde eu trabalhava na capital Paulista. De repente mais uma vez a sirene de uma ambulância, enchia nossos ouvidos com aquele som agudo que nos deixava curiosos pra saber o que seria dessa vez? E a nossa atenção se voltava para o pronto socorro de onde podíamos ver da janela do posto de enfermagem, quando a ambulância estacionava de ré e o corre corre dos colegas de enfermagem trazendo macas e dos médicos apressados retiravam seus estetoscópios do pescoço. Era sempre esse mesmo quadro que víamos da nossa janela. Algumas vezes ficávamos sabendo que tipo de paciente havia chegado, pois sempre uma ou outra colega nos trazia a notícia dependendo da gravidade da ocorrência. Nesse dia em especial ficamos chocadas com a notícia. Quem chegara em estado muito grave era uma médica da nossa ala, com diagnóstico de over dose de drogas... Foi isso mesmo que nos confirmaram.
Ela trabalhava já há muito tempo no hospital, e até alguns meses atrás, era uma pessoa normal, que tinha um bom diálogo, e um ótimo relacionamente conosco e com os seus pacientes que internavam no nosso setor. Atenciosa, discreta, bonita e de baixa estatura, chegava sempre de salto alto andando com elegância, de longe ouvíamos o toc, toc dos seus sapatos, e dizíamos: A Doutora Mara já está chegando pra passar a visita! E não demorava muito ela adentrava ao posto de enfermagem. Até que começamos a perceber a falta de ampolas de psicotrópicos quando íamos conferir o estoque, como fazíamos todos os dias e em toda troca de plantão. Apenas a equipe de enfermagem sabia onde ficava a chave do armário de psicotrópicos. Reunidas com a nossa chefia ficou comprovado que não tinha sido nenhuma de nós, mas que com certeza alguém estava sabendo do local da chave e estava tirando as ampolas. Ficamos todas atentas e começamos a perceber que esse sumiço de medicamento acontecia toda vez que a Dra. Mara passava noite pra ver seus pacientes. Certa noite conferimos os medicamentos controlados, e aguardamos por sua chegada, nos dispersamos pelo setor e em dado momento quando ela entrou no posto de enfermagem, uma de nós entrou em seguida e viu quando ela discretamente tirou o medicamento e enfiou no bolso do jaleco, e retornou a chave no local. Esse problema foi levado ao conhecimento do diretor clínico e ela foi chamada para conversar, e sem muita resistência confessou que fazia uso de drogas e que era quem estava retirando os medicamentos, mas que, estava tentando sair do problema e que aquilo não iria mais acontecer. A partir desse dia percebemos que ela mudou, já não interagia tanto conosco, apenas perguntava o necessário, não ria, visitava os pacientes e logo ia embora. Parecia riste e cabisbaixa. Sabíamos o motivo, mas não tínhamos como aborda-la, ou dizer alguma coisa.
E agora notícia de que ela acabara de dar entrada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em estado gravíssimo! Ficamos desoladas com a notícia! Nos chocou profundamente! Esperamos passar uns dois dias e uma de minhas colegas de plantão me chamou para visitarmos a Dra Mara na UTI, concordei e subimos de elevador rumo ao local para nos paramentarmos. Quando paramos em frente ao leito dela, tivemos a impressão de que era outra pessoa, que estava ali. Completamente edemaciada (inchada) cheia de tubos, difícil acreditar que aquela mulher bonita, magra e elegante que trabalhava conosco fosse aquela que estava ali, a nossa frente! Ficamos pouco tempo e retornamos a nossa enfermaria. Desoladas passamos para as outras colegas o que vimos lá. Todas sentiram muito, mas fazer o que, a não ser lamentarmos...
Terminado o plantão me dirigi ao vestiário pra trocar de roupas, em seguida bati o meu cartão e me encaminhei para o ponto. Já dentro do ônibus, durante todo o trajeto, vez por outra me vinha a lembrança do estado lastimável da Dra. Mara naquela UTI. Desci no ponto habitual perto das 21hs e me encaminhei para o prédio onde morava. Subi lentamente as escadas como sempre fazia. Em alguns momentos me vinha à lembrança dela lá na UTI... Foi assim meio entristecida que entrei no meu apartamento e me dirigi pro banho. Depois de comer, e assistir um pouco de televisão, fui preparar algumas coisas para o dia seguinte, como eu fazia todos os dias. Já passava das 23 horas quando fui me deitar, minhas filhas (duas adolescentes) já haviam se recolhido, e eu estava morta de cansada! Deitei após fazer minhas orações e dormi rápido devido ao cansaço. Não sei quanto tempo se passou, mas num certo momento tive o pressentimento de que havia alguém no quarto... Comecei a sentir um arrepio que subia desde os meus pés até a minha nuca, me deixando gelada! Aquela presença se fazia muito forte cada vez mais! Mantendo os olhos fechados, e sentindo as ondas de arrepios fortíssima que me tomava, jurei que não iria abrir os olhos... Mas foi mais forte do que eu, e abri... Reparei na pessoa sentada aos pés da minha cama... Era a Dra Mara me olhando entristecida, com uma blusa que eu já a tinha visto muitas vezes com ela! Tornei a fechar os olhos e entrei numa oração fervorosamente, e clamei muito pelo “Sangue de Jesus Cristo”! Os arrepios foram ficando cada vez mais leves meu cabelo já não eriçava mais, e senti uma sensação de paz e tranquilidade no quarto, confiantemente abri os olhos... Ela não estava mais lá.
No dia seguinte cheguei ao plantão um pouco calada, não quis comentar com minhas colegas de turno sobre o que havia acontecido A experiência da noite anterior, ainda estava muito viva na minha mente. Não demorou muito pra alguém trazer a notícia : A Dra Mara havia falecido naquela madrugada!
Jamais me esqueci deste acontecimento. Ficou registrado na minha mente pra sempre!
O tempo se passou e a nossa enfermaria não foi mais a mesma. Muitos pacientes diziam pela manhã que uma doutora os visitara durante a noite. Outras vezes, plantonistas noturnos ouvia o toc, toc de alguém de salto alto, mas que nunca chegava até o posto de enfermagem, se dirigia direto aos quartos, quando a funcionária da enfermagem se encaminhava até o quarto onde presumia ter entrado a pessoa, não tinha ninguém e o paciente dormia profundamente! Muitos pacientes receberam visitas noturnas de uma médica, e no dia seguinte diziam aos seus médicos... Os mesmos se dirigiam ao posto de enfermagem e nos perguntavam quem foi à médica que passou visita a noite no lugar dele? Outros pacientes diziam que alguém entrou no quarto durante a noite aproximou-se da cama dele e ficou parado olhando sem dizer nada, e em seguida saiu pela porta afora... Outros viam vultos no quarto...
Muitos funcionários ficaram sabendo dessas histórias. Por muitos e muitos anos foram contadas, e as funcionárias mais antigas como eu, sabiam dos detalhes.
Sonia Maria Piologo
Era um dia como outro qualquer, no grande hospital onde eu trabalhava na capital Paulista. De repente mais uma vez a sirene de uma ambulância, enchia nossos ouvidos com aquele som agudo que nos deixava curiosos pra saber o que seria dessa vez? E a nossa atenção se voltava para o pronto socorro de onde podíamos ver da janela do posto de enfermagem, quando a ambulância estacionava de ré e o corre corre dos colegas de enfermagem trazendo macas e dos médicos apressados retiravam seus estetoscópios do pescoço. Era sempre esse mesmo quadro que víamos da nossa janela. Algumas vezes ficávamos sabendo que tipo de paciente havia chegado, pois sempre uma ou outra colega nos trazia a notícia dependendo da gravidade da ocorrência. Nesse dia em especial ficamos chocadas com a notícia. Quem chegara em estado muito grave era uma médica da nossa ala, com diagnóstico de over dose de drogas... Foi isso mesmo que nos confirmaram.
Ela trabalhava já há muito tempo no hospital, e até alguns meses atrás, era uma pessoa normal, que tinha um bom diálogo, e um ótimo relacionamente conosco e com os seus pacientes que internavam no nosso setor. Atenciosa, discreta, bonita e de baixa estatura, chegava sempre de salto alto andando com elegância, de longe ouvíamos o toc, toc dos seus sapatos, e dizíamos: A Doutora Mara já está chegando pra passar a visita! E não demorava muito ela adentrava ao posto de enfermagem. Até que começamos a perceber a falta de ampolas de psicotrópicos quando íamos conferir o estoque, como fazíamos todos os dias e em toda troca de plantão. Apenas a equipe de enfermagem sabia onde ficava a chave do armário de psicotrópicos. Reunidas com a nossa chefia ficou comprovado que não tinha sido nenhuma de nós, mas que com certeza alguém estava sabendo do local da chave e estava tirando as ampolas. Ficamos todas atentas e começamos a perceber que esse sumiço de medicamento acontecia toda vez que a Dra. Mara passava noite pra ver seus pacientes. Certa noite conferimos os medicamentos controlados, e aguardamos por sua chegada, nos dispersamos pelo setor e em dado momento quando ela entrou no posto de enfermagem, uma de nós entrou em seguida e viu quando ela discretamente tirou o medicamento e enfiou no bolso do jaleco, e retornou a chave no local. Esse problema foi levado ao conhecimento do diretor clínico e ela foi chamada para conversar, e sem muita resistência confessou que fazia uso de drogas e que era quem estava retirando os medicamentos, mas que, estava tentando sair do problema e que aquilo não iria mais acontecer. A partir desse dia percebemos que ela mudou, já não interagia tanto conosco, apenas perguntava o necessário, não ria, visitava os pacientes e logo ia embora. Parecia riste e cabisbaixa. Sabíamos o motivo, mas não tínhamos como aborda-la, ou dizer alguma coisa.
E agora notícia de que ela acabara de dar entrada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em estado gravíssimo! Ficamos desoladas com a notícia! Nos chocou profundamente! Esperamos passar uns dois dias e uma de minhas colegas de plantão me chamou para visitarmos a Dra Mara na UTI, concordei e subimos de elevador rumo ao local para nos paramentarmos. Quando paramos em frente ao leito dela, tivemos a impressão de que era outra pessoa, que estava ali. Completamente edemaciada (inchada) cheia de tubos, difícil acreditar que aquela mulher bonita, magra e elegante que trabalhava conosco fosse aquela que estava ali, a nossa frente! Ficamos pouco tempo e retornamos a nossa enfermaria. Desoladas passamos para as outras colegas o que vimos lá. Todas sentiram muito, mas fazer o que, a não ser lamentarmos...
Terminado o plantão me dirigi ao vestiário pra trocar de roupas, em seguida bati o meu cartão e me encaminhei para o ponto. Já dentro do ônibus, durante todo o trajeto, vez por outra me vinha a lembrança do estado lastimável da Dra. Mara naquela UTI. Desci no ponto habitual perto das 21hs e me encaminhei para o prédio onde morava. Subi lentamente as escadas como sempre fazia. Em alguns momentos me vinha à lembrança dela lá na UTI... Foi assim meio entristecida que entrei no meu apartamento e me dirigi pro banho. Depois de comer, e assistir um pouco de televisão, fui preparar algumas coisas para o dia seguinte, como eu fazia todos os dias. Já passava das 23 horas quando fui me deitar, minhas filhas (duas adolescentes) já haviam se recolhido, e eu estava morta de cansada! Deitei após fazer minhas orações e dormi rápido devido ao cansaço. Não sei quanto tempo se passou, mas num certo momento tive o pressentimento de que havia alguém no quarto... Comecei a sentir um arrepio que subia desde os meus pés até a minha nuca, me deixando gelada! Aquela presença se fazia muito forte cada vez mais! Mantendo os olhos fechados, e sentindo as ondas de arrepios fortíssima que me tomava, jurei que não iria abrir os olhos... Mas foi mais forte do que eu, e abri... Reparei na pessoa sentada aos pés da minha cama... Era a Dra Mara me olhando entristecida, com uma blusa que eu já a tinha visto muitas vezes com ela! Tornei a fechar os olhos e entrei numa oração fervorosamente, e clamei muito pelo “Sangue de Jesus Cristo”! Os arrepios foram ficando cada vez mais leves meu cabelo já não eriçava mais, e senti uma sensação de paz e tranquilidade no quarto, confiantemente abri os olhos... Ela não estava mais lá.
No dia seguinte cheguei ao plantão um pouco calada, não quis comentar com minhas colegas de turno sobre o que havia acontecido A experiência da noite anterior, ainda estava muito viva na minha mente. Não demorou muito pra alguém trazer a notícia : A Dra Mara havia falecido naquela madrugada!
Jamais me esqueci deste acontecimento. Ficou registrado na minha mente pra sempre!
O tempo se passou e a nossa enfermaria não foi mais a mesma. Muitos pacientes diziam pela manhã que uma doutora os visitara durante a noite. Outras vezes, plantonistas noturnos ouvia o toc, toc de alguém de salto alto, mas que nunca chegava até o posto de enfermagem, se dirigia direto aos quartos, quando a funcionária da enfermagem se encaminhava até o quarto onde presumia ter entrado a pessoa, não tinha ninguém e o paciente dormia profundamente! Muitos pacientes receberam visitas noturnas de uma médica, e no dia seguinte diziam aos seus médicos... Os mesmos se dirigiam ao posto de enfermagem e nos perguntavam quem foi à médica que passou visita a noite no lugar dele? Outros pacientes diziam que alguém entrou no quarto durante a noite aproximou-se da cama dele e ficou parado olhando sem dizer nada, e em seguida saiu pela porta afora... Outros viam vultos no quarto...
Muitos funcionários ficaram sabendo dessas histórias. Por muitos e muitos anos foram contadas, e as funcionárias mais antigas como eu, sabiam dos detalhes.
Sonia Maria Piologo