Dedo Duro - XII Parte Final

Apesar de querer dar umas boas palmadas em Dãozinho, Emengarda apenas deu um tapa bem dado nas costas do carnívoro. Isso foi o que salvou o pobrezinho- cuspiu o pedaço de carne fora-, então ele saiu correndo para a sala e logo depois o louco do tio, o acompanhou.Emengarda da cozinha tudo observava, e pensava:

- Que família, nossa como pude suportar todos esses anos?!

O cilima de terror, do macabro era quebrado pelo passeio frenético de três colibris que bailavam de pote em pote de água com açúcar. A tv permanecia sempre ligada - chiava, ali não tinha bom sinal. O que desejava era ter um elo sonoro que a desprendesse daquela casa e daquelas pessoas. Alguns livros eram lidos - havia uma farta biblioteca ali, alguns de mil receitas com carne. Quem diria que os Falcannus lessem Cecília Meireles, Eça de Queiroz -. é, mas tinha,também,Edgar Allan Poe, Howard Phillips Lovecraft .,kafka , Stefhen King, Dean Koontz e Augusto dos Anjos para dar um certo tempero.

Antes de terminar seu pensamento atormentador, ela vê uma cena, e por milésimos de segundos pensou que eles ainda eram racionais, pois os dois se sentaram em uma poltrona robusta e antiga, que estava no canto da sala, então Falcannus passa suas mãos trêmulas na cabeça do moleque e diz:

Dão, sente-se aqui vou te contar uma historinha, você vai se deliciar!

O garoto sentou afoito, e com minúsculos pedaços de carne ainda agarrado entre seus dentes,ele sorriu, pois a palavra deliciar por si só já era uma de suas preferidas...

O tio começa assim:

A mulher estava amarrada e boca tampada, um dos homens que a trazia limpou a mesa, enquanto o outro amarrava suas mãos delicadas com arame vermelho em fogo. Apertava com tamanha força que sua carne branca era queimada e cortada ao mesmo tempo...

Antes de terminar a palavra carne... O garoto soltou uma gargalhada tenebrosa de prazer...

E o tio lhe disse:

Acalme-se, o melhor ainda está por vir! E ,continuo:

- A mulherzinha se debatia de dor, Dãozinho, hahahaha, estava com medo... via seu sangue vermelho púrpura escorrendo pela mesa e gotejando no chão imundo e frio da cozinha mal iluminada, então, um dos homens foi até o armário, parecia procurar desesperadamente por algo que almejava, intensamente, foi então que sorriu como quem encontrasse uma joia, e voltou para à mesa, onde, quase desmaiada estava a jovem mulher.Ergue um de seus pés e começa a enfiar por baixo de suas unhas agulhas e mais agulhas A cada grito desesperado ele sorria de prazer, e quanto mais ela gritava mais o estimulava, porem, em dado momento, acabaram-se as agulhas, mas ainda tinham dedos inteiros...

Dãozinho interrompe o conto sádico de Falcannus e diz:

- Nossa ...dedos, dedos... amo comer dedos... suculentos...

Os olhos do menino saltavam das órbitas, babava.

- Nossa ...dedos, dedos... amo comer dedos... suculentos...

Enquanto falava, lambia os beiços.

- Nossa ...dedos, dedos...amo dedos

Enquanto falava, lambia os beiços.

Falcannus continua:

Então, o outro homem que havia sentado para se deliciar com a carne da vítima da noite anterior, engole um pedaço do cérebro que estava mastigando como animal, e grita:

- Talvez, possamos virar zumbis, caso devore este cérebro. os Tapuias, os Tamoios comiam os seus inimigos para adquirir a coragem, a bravura dos inimigos.

-Temos espetos na última gaveta do móvel lá da garagem, eles são enormes e estão enferrujados...

E continua em tom sádico...

- A carne humana, ah, se todos soubessem como é uma delícia. Imagine inúmeros restaurantes vendendo o prato do dia:

Assados, grelhados, ensopados, sopas de gente.

- Cuidado, para não dar tétano na moçoila. HAHAHAAHA...

Depois da informação dada pelo comparsa, ele vai até à garagem e traz consigo espetos enormes e um, tinha as pontas afiadas, tinha também uma faca de serra gigante, então ele procura no frágil corpo da mulher quase sem vida, uma parte com pouca gordura, e assim ele começa a cortar, cravou a faca e lentamente fazia como um marceneiro cortando a madeira, pra frente, pra trás, pra frente, pra trás...

A mulher gritava, urrava de dor, pedia clemência, por favor... Mas nada!...

Emengarda disse : - Que narrativa louca, vai transformar esse pestinha num sociopata.

Estava terminando de lavar os pratos ensanguentados, e quase não acreditava no que ouvia, tremia dos pés a cabeça, mas já tinha visto, tanta loucura naquela família que seu espanto tinha tornado rotineiro, então ela se virou para pegar o guardanapo e deu de cara com uma mulher velha espiando pela janela, ela deu um pulo, e fez que ia gritar, porem a velha fez sinal, para que ela não gritasse... E entrando pela porta dos fundos a velha a chamou como quem queria lhe contar um segredo...

- Psiu... Emengarda...

- Diga velha, como sabe meu nome? E quem é você, quer morrer, o que faz aqui?

Retrucava Emengarda.

A velha abriu um sorriso que a muito tempo Emengarda não via, era um sorriso que transmitia paz, nesse momento a pobre moça suspirou como que sai de um deserto e encontra um Oasis, e a velha diz:

Minha querida sei que você não me conhece, mas eu te conheço, pois tenho acompanhado de perto toda essa história de tormento que estás enfrentando, eu sou a mulher que vai te tirar dessa agonia, prazer sou a investigadora aposentada de polícia Marina, mas pode me chamar de Nina. Foi divertido entrar neste caso, e seguí-los até aqui.

Emengarda surpresa e com medo, tenta correr, pois lembra que pode ser presa, mas a investigadora aposentada a segura, e continua:

- Não tenha medo querida, você matou defendendo tua honra e tua vida, terás um dos melhores advogado Doutor Marques, ele se prontificou em te ajudar, fique tranquila. Não se recorda dele? O que estava com o caso do beco Vera Cruz. O delegado, falei com ele, fique tranquila.

Então a doce Emengarda vê uma luz no fim do túnel, pela primeira vez em muitos anos ele chora, porém,dessa vez de felicidade, pois vê seu tormento chegando ao fim. Esperava isso, pelo menos.

Enquanto isso Falcannus e Dãozinho se esparramavam de rir no sofá, com o triste fim da doce moça da cruel histórinha.

- Eles a comeram, quase viva...

Dizia o louco Falcannus.

- Crua? Gosto de assada na chapa, cheia de óleo, suculenta.

De repente se escuta som de pessoas conversando e chegando na casa, Dãozinho corre para as portas dos fundos e da de cara com a velha Nina e Emengarda, ele se vê acuado, as duas o segurava enquanto ele gritava:

- Emengarda dedo duro, Emengarda dedo duro... Emengarda Dedo duro, dedo duro...

O velho Falcannus foi algemado antes mesmo de levantar sua nádega feia do sofá, foi levado para um manicômio e lá ficou até sua morte que o levou de uma forma atormentadora, Dãozinho foi levado para uma instituíção de amparo ao menor, onde foi submetido a tratamentos psiquiátricos - e seu quadro revertido, tornou-se um menino normal e muito gentil- esprava-se. Anos mais tarde foi adotado por uma família de vegetarianos e seu prato preferido era espinafre e tomate, dizia a imprensa.

Emengarda teve um bom advogado, que a defendeu com garra perante a sociedade e o tribunal, no fim de 3 anos de prisão , ela foi para o regime semi-aberto...

Há antes que me esqueça, Emengarda estava grávida.

É... gravidissima do Doutor Marques o delegado que roubou o seu coração. Deu a ela amor e carinho, ele a levou para muitos lugares lindos e encantadores, a tratava com mimos e flores toda manhã, e com o passar do tempo ela foi se esquecendo das loucuras que vivera, e até pensava em terminar a faculdade. Tinha acompanhamento psicológico, com um especialista. A imprensa a apoiava.

Mudaram-se para uma casa no campo, onde tinha lindos lagos e flores por toda campina...próximo do lugar, onde residira com os Falcannus.

E assim Emengarda venceu a família Falcannus, e era feliz ,pois, voltara para a faculdade, formando-se sem perder nehum semestre , tinha um bom emprego e um casamento cheio de amor.

Até que certo dia, o seu telefone celular tocou.

Ao ouvir aquela voz, o seu coração disparou, a respiração se tornou difícil, a pressão baixou, deixando-a gelada,as pernas ficaram bambas. Não era do outro lado a voz do seu marido.

Lembrou-se do que lhe disse a psiquiatra - " uma mente doente nunca se cura"-, Emengarda pensara assim: " nem todo mundo nasceu para ser vegetariano- não existe felicidade completa neste mundo".

A voz, rouca, debochada e em sussurro no telefone, mais uma vez falou:

- Emengarda ,DEDO DURO.

FIM

idéia do texto de Claudynha Amiga de Verdade

texto final de Leônidas Grego

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 24/08/2012
Reeditado em 13/05/2014
Código do texto: T3847882
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