A CLÍNICA MAL ASSOMBRADA

    Eu morava em uma pequena cidade do litoral Paulista e trabalhava em uma clínica. Ali eram feitos atendimentos de emergência e consultas marcadas com antecedência. O atendimento era realizado em dois espaços diferentes, no prédio que ficava de frente para a avenida principal, era o atendimento de emergência, o pronto socorro, e na rua de trás em um sobrado antigo era feito o atendimento ambulatorial, pediatria, cardiologia, ginecologia e clínica geral e outros. Esses atendimentos eram realizados tanto no andar térreo, quanto na parte de cima do velho sobrado.  Aos sábados e domingos ficávamos somente no pronto socorro, e durante a semana o trabalho mais intenso era no prédio de traz, como expliquei no início da minha narrativa.   Meu plantão era de 12 horas com folga no dia seguinte. Como eu disse, ali o trabalho era intenso! Minha tarefa principal era fazer todos os Eletros Cardiogramas dos pacientes marcados, pesar e medir as crianças, verificar a temperatura e verificar a pressão arterial dos adultos. Tínhamos que deixar tudo pronto para quando os médicos chegassem, só então é que o trabalho realmente começava. Eram plantões bem agitados, e nem sentíamos o passar das horas.
    Certo dia, após mais um dia de plantão exaustivo, depois que saiu o último paciente e o último médico, reuni todos os prontuários e fui para o posto de enfermagem no andar térreo, para fazer minhas anotações, antes porem, me certifiquei de que não havia mais ninguém no prédio e tranquei a porta da frente, pois a partir desse momento eu ficaria sozinha e seria mais seguro deixar a porta trancada. Lembro-me que já havia anoitecido, e já passava das 18:30HS, horas.  De volta ao posto de enfermagem, comecei minhas anotações quando tive a impressão de que alguém subira pelas escadas para o andar de cima, mas como se eu havia fechado a porta à chave? Mesmo assim fui me certificar se a porta estava realmente trancada e pude comprovar que estava. Parei no pé da escada que dava acesso ao andar superior e reparei que a luz do andar de cima ficara acesa, subi e dei uma olhada em todos os consultórios, verifiquei se estava tudo em ordem para o dia seguinte, apaguei a luz e desci. Mal eu recomeçara minhas anotações, ouvi o tilintar da extensão do telefone como se alguém estivesse fazendo uma ligação no andar superior. Naquele momento eu tive certeza de que algum médico estava ainda lá em cima e que eu havia me enganado pensando que todos haviam ido embora. Então subi com a certeza de que encontraria algum médico lá.  Para minha surpresa olhei sala por sala e tudo estava deserto. Senti um calafrio, e meu cabelo arrepiou na nuca, naquele momento eu tive a nítida impressão de algo estranho estava acontecendo! Apaguei novamente a luz e desci correndo as escadas, quando cheguei ao pé da escada e olhei para cima, notei a luz novamente acesa. Não tive dúvida peguei todos os papeis que eu teria que anotar, e corri em direção a porta de entrada e saí com tanta pressa que eu mal conseguia introduzi a chave na fechadura! Ao atravessar a rua me deparei com o guarda noturno que chegava para trabalhar e que, por não ter onde morar lhe deram um trabalho ali onde ele também dormia. O rapaz me perguntou o que estava acontecendo pois, parecia que eu tinha visto um fantasma?  Então contei a ele o que havia acontecido e para minha surpresa ele me disse que aquilo não era nada perto do que ela passava todas as noites! E ele me relatou que durante a noite, aquela casa era muito assombrada! Quando ele estava no andar de cima as coisas aconteciam, no andar de baixo ou vice- versa, era um arrastar de coisas, portas que se abriam sem ter vento, gavetas que se abriam, luz que se ascendiam sozinhas, e sempre via muitos vultos! Ele disse que continuava ali por não ter onde morar, e que não tinha medo e até já tinha acostumado com esses fenômenos.
    No dia seguinte comentei com uma colega que trabalhava a mais tempo do que eu na clínica, e ela me disse o seguinte: --- Isso já aconteceu comigo também só que quando eu subi e apaguei as luzes pela segunda vez, e já ia embora, quando eu descia as escadas, alguém ou algo desceu comigo me imprensando na parede e tinha um sussurro ofegante!
   A partir daquele dia nunca mais passei das 18 horas sozinha lá naquele prédio!


                           Sonia Maria Piologo.

Sonia Maria Piologo
Enviado por Sonia Maria Piologo em 22/08/2012
Reeditado em 12/10/2012
Código do texto: T3843528
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