OSSOS DO OFÍCIO (mini)

A luz fraca, vez ou outra, oscilava sobre sua cabeça, suas mãos subiam e desciam ao manejar o fio de corte, gotículas de suor escorriam por sua testa, a vítima se debatia... ainda estava viva. Depois de cortados os pedaços eram cuidadosamente embrulhados em plásticos e organizados por tamanho no congelador, estava quente, e ele cansado.

Os gritos da moça, mesmo que, abafados pela mordaça o incomodava. Com esforço ele serrava seu corpo em partes pequenas, o sangue jorrava quando uma artéria era atingida, os tendões eram elásticos, os ossos difíceis de cortar, a luz o atrapalhava, os gemidos o aborrecia, os ombros doíam... sinais do cansaço evidente.

A moça era bem jovem, mercadoria rara, carne macia, seus gritos e gemidos cessaram quando ele abriu seu tórax para retirar-lhe os órgãos... as melhores partes. Depois de tudo cortado, alguns pedaços selecionados para o moedor, chão lavado e enfim... o merecido descanso.

Na manhã seguinte era possível encontrar o homem perambulando pelas ruas vendendo sua mercadoria, torta de carne por um real.

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 20/08/2012
Reeditado em 20/08/2012
Código do texto: T3839894
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