Monstros embaixo da cama.

A sanidade mental dele havia piorado de uns tempos para cá.

Ele dizer ver vultos, dizia que pessoas o perseguiam. Tinha medo de tudo e todos.

Não saia mais de casa sozinho e falava coias sem nexo algum.

Algumas vezes parecia voltar ao mundo real e se lembrava de coisas passadas há muito tempo.

Mas o que realmente deixava sua esposa inquieta e assustada era o medo que ele demonstrada quando chegava a hora de ir dormir. Só se deitava se a lâmpada ficasse acessa e mesmo assim com um pavor estampado no rosto.

E dizia repetidamente que toda cama havia um enorme buraco embaixo dela de onde saiam mostros e levava as pessoas para as profundezas.

Nada o fazia desacreditar dessa história.

Toda noite era a mesma coisa.

Mas naquela noite foi diferente. Ele se deitou e puxou as cobertas cobrindo quase seu rosto todo.

Quando ela percebeu que ele já havia pegado no sono, se levantou, apagou a luz e foi até a cozinha fazer um chá.

Colocou a água no fogo e se sentou na cadeira. Estava exausta e acabou cochilando.

Alguns minutos se passou. De repente acordou assustada com um grito.

Era seu marido apavorado.

Correu para o quarto. Tentou acender a luz. Nada.

Os gritos eram apavorantes. De medo, de pavor.

Parou na porta e ficou ali petrificada.

Na penumbra só conseguiu ver que alguma coisa estava puxando seu marido para debaixo da cama.

Ele desesperado gritava para ela sobre o buraco embaixo da cama, sobre os monstros que viriam buscá-lo.

Ela ficou ali imóvel. Algo fazia com que ela não se movesse.

Aos poucos a coisa foi arrastando seu marido e os gritos foram sumindo na escuridão.

Juntamento com seu marido que desaparecia sob a cama.

Ela ouviu vozes esganiçadas, risos sufocados.

De repente um silêncio mortal tomou conta da casa. Um silêncio negro.

Ela ficou ali parada mais uns momentos.

Acendeu a luz. Fechou os olhos e abriu-os novamente na esperança de que tudo fosse um pesadelo.

Não era. A cama estava lá, toda desarrumada, as cobertas espalhadas pelo chão.

E ela sabia que embaixo da cama havia um enorme buraco.

Ela soube que ele sabia disso o tempo todo, o buraco sempre esteve lá.

Embaixo de toda cama existe o enome buraco. E os monstros somente esperando a hora certa para atacar e arrastar mais uma vítima.

Dessa noite em diante sua sanidade a abandonou gradativamente.

Ela nunca mais conseguiu dormir mais uma noite em paz.

Apenas sob efeitos de fortes calmante s sempre no tapete da sala.

O quarto sempre fica fechado.

Os monstros e o buraco continuam lá.

Embaixo de todas as camas.

Da sua também. Com certeza.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 19/08/2012
Código do texto: T3838899
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