O rapto

A dor era muito forte. Sabrina perdera os sentidos em vários momentos. Tudo oque ela queria era que tudo acabasse logo. De repente uma contração mais forte e em seguida o choro de uma criança foi ouvido. Uma das mulheres ergueu o recém-nascido no ar e as outras duas senhoras começaram a rezar numa linguagem estranha. Sabrina estendeu os braços para pegar o seu filho, mas foi esbofeteada com força. Um pano embebido em um líquido fétido foi colocado contra seu nariz, fazendo com que ela perdesse os sentidos. Despertou horas depois. A casa estava silenciosa. Levantou-se com dificuldade e examinou a pequena residência. Não havia nenhum sinal do bebê e nem das três mulheres. O desespero e a culpa a dominou. Fora muito inocente confiando naquelas senhoras. Lembrou então de como as conhecera dias atrás. Sabrina estava deitada na rede na varanda, quando elas chegaram e pediram água. Apesar da barriga enorme e os pés inchados, ela se prontificou a ir buscar. Teve pena daquelas velhas senhoras. Quando retornou trazendo copos e garrafa, se surpreendeu ao encontra-las muito a vontade, sentadas na varanda. As senhoras então começaram a fazer perguntas sobre o tempo de gravidez e sobre o pai da criança. A moça contou que estava entrando no nono mês, e que vivia sozinha, pois o marido a abandonara recentemente. As mulheres se entreolharam e se disseram penalizadas. Depois desse primeiro encontro as anciãs passaram a frequentar a casa de Sabrina. Essa estava se sentindo tão solitária, que aceitou de bom grado a companhia delas, e nem se preocupou em saber quem eram e de onde vinham. No dia do parto, elas não permitiram que a moça fosse para o hospital. Prontificaram-se em fazerem o parto em casa. Os dias se passaram e mais fortalecida, Sabrina começou a procurar as três senhoras e o filho. Ninguém sabia de nada. Sequer se lembravam de terem visto tais mulheres. As buscas foram infrutíferas. Nove anos se passaram e uma noite bateram na porta. Sabrina se espantou em ficar cara a cara com uma das mulheres que lhe roubara o filho. A anciã tinha metade do rosto destruído e andava com dificuldade. Ela viera pedir perdão a Sabrina, pois se arrependera amargamente do que fizera. A moça quis então saber do seu filho, e soube que estava morto. A anciã confessou que roubaram o menino e o ofereceram ao demônio em troca de longevidade, mas quando ele completou oito anos, se tornou uma criatura satânica. Assassinou as outras duas amigas, e só não a matou também, porque ela conseguira destruí-lo primeiro. Apesar da dor e da revolta Sabrina decidiu perdoá-la e ofereceu-lhe café. A idosa pediu para dormir ali aquela noite, pois já era bem tarde. A moça concordou, e foram se deitar. Minutos depois Sabrina despertou com um estranho barulho vindo do quarto de hospedes. Era um misto de engasgo, choro e gemidos. Amedrontada ela foi verificar oque estava acontecendo e encontrou a anciã morta. Uma grande quantidade de teia de aranha e picumã fora introduzida em sua garganta, sufocando-a. O som de passos na sala chamou sua atenção e ao chegar ali, se deparou com um bonito garoto moreno. Reconheceu o verde dos seus olhos nos do garoto, e emocionada estendeu os braços e o chamou de filho. Naquele instante um forte cheiro de enxofre emanou da criança, e com um sorriso encantador ele desapareceu no ar. 19/08/2012