Amálgama Fantasma - Cap 9 e 10

IX

Foi um jantar mais maravilhoso do que eu poderia ter imaginado. Considerando que fora Daniela sozinha quem o preparara jamais poderia cogitar a imensa variedade de pratos que tínhamos. Havia um creme de cebola com um cheiro delicioso, uma travessa grande de salada, frango cozido com batatas, pernil ao molho madeira e purê, fora os tradicionais arroz com feijão e uma pequena porção de lasanha. Tínhamos vinho, cerveja e refrigerantes variados, ao considerar meu almoço aquilo era mais ou menos como ter encontrado o último oásis de um grande deserto.

O senhor Basílio estava à mesa juntamente com todos os seus contratados, Daniela ali perto ocupando o papel de empregada. Confesso que ver aquela mulher de olhos mortíferos trajando avental e toca branca fora uma das visões mais perturbadoras do dia.

Sei que uma animada conversa ocorreu durante o jantar, a maior parte de Enzo com padre Sávio, que estava visivelmente interessado na forma como o parapsicoinvestigador abordava os eventos sobrenaturais, a médium Giovana também participou da discussão, embora de cada três frases uma tentava desdenhar Enzo. Eu não me incomodei com os ataques, estava mais ocupada enchendo a minha barriga e se para fazer aquilo em paz Enzo tivesse que tomar algumas alfinetas, ele tomaria.

Contudo por mais maravilhosa que a refeição fosse meu estômago logo dava sinais de satisfação. Eu tinha mania de comer mais do que aguentava e já passei por maus bocados devido a isso, portanto respirei fundo e contei até dez antes de encher o prato uma terceira vez. Não estava muito a fim de uma dor de barriga naquele lugar, o hospital mais próximo estava a quilômetros e mesmo que fosse ali ao lado eu gostaria de contar com todas as minhas energias caso alguma entidade se manifestasse.

O que Giovana logo faria acontecer.

Por mais faminto que anfitrião e hóspedes estivessem a comida sobrou ao fim da refeição, fazendo uma mal-humorada Daniela levar travessas e mais travessas, juntamente com pratos e mais pratos, de volta à cozinha.

- Senhorita Giovana, que espaço gostaria de usar para o seu ritual? – Senhor Basílio perguntou solícito embora fosse possível notar a apreensão em sua voz.

- Podemos realizá-lo na sala de estar. Eu quero estar próxima do quadro de Luciano.

- Espero que não se importe que eu filme. – Enzo acabou dizendo e pelo tom de sua voz ele não aceitaria um não como resposta.

- Faça como quiser. – Giovana respondeu torcendo o nariz e eu senti uma raiva imensa daquela criatura – Desde que você fique de boca fechada por mim não há problema nenhum.

Enzo fez uma reverência curta e eu poderia adivinhar a quantidade de palavrões que passaram por sua cabeça.

Todos rumamos para a sala de estar, um ambiente amplo e com seu charme antigo não completamente mantido devido as luzes elétricas que saíam de um candelabro que deveria conter somente velas. Todos haviam sido convidados a comparecerem a exceção do senhor Basílio – que por ser a vítima direta das entidades deveria ser preservado – e Daniela. Dependendo do tipo de entidade que se manisfetasse, pessoas despreparadas poderiam ser atingidas.

As portas e cortinas foram fechadas e a luz elétrica foi não somente apagada como as lâmpadas removidas e guardadas perto da cristaleira. Velas e incensos foram espalhados pela sala e sobre a pequena mesa de centro, local onde o ritual seria realizado. A noite já havia entrado e a escuridão era como um cobertor jogado sobre nossas cabeças, a iluminação das velas não serviam para nada além de criar uma esfera trêmula de luz que conseguia penetrar apenas um metro na escuridão. Nos sentamos de pernas cruzadas, cada um em um dos cantos da mesa, e Enzo posicionou duas câmeras, uma atrás dele e apontada para Giovana, e outra presa em seu punho para captar os detalhes que por ventura saíssem de foco.

E assim estávamos, uma hora e meia após o nosso jantar divino, eu, Enzo, Sávio e Giovana, sentados no escuro, preparados para uma sessão que estava a ponto de me fazer ter um treco.

Giovana trocara suas roupas casuais por um vestido branco cuja simbologia deveria servir para alguma coisa em todo aquele processo. Ela só não enganaria os desavisados quanto ao fato de ser uma noiva devido a ausência do véu cobrindo o rosto. E por falar em rosto eu finalmente percebi que ela deveria usar algumas toneladas de maquiagem no dia a dia, as chamas mostravam tantos sulcos em sua face que eu comecei a acreditar que ela tivesse alguns séculos de idade.

Estávamos em silêncio já fazia algum tempo porque, segundo Giovana, ela precisava de alguns minutos para entrar no estado de espírito necessário para a sessão. Eu imaginei que seria mais ou menos o mesmo que minha expansão.

- O mundo é grande, o universo é imenso, mas só a vida é incalculável. – Giovana começou numa voz firme como couro. – Que nessa noite a vida possa agir como uma unidade, que as almas dos desencarnados se juntem a dos encarnados elevando a compreensão de ambos. A vida é una e poderosa, tão poderosa que nem a morte é capaz de contê-la.

Eu não entrei no meu estado expandido pois tentei me preservar ao máximo do que viria a seguir, entretanto foi uma tentativa vã... Podia sentir os pêlos da minha nuca pinicarem e uma grande quantidade de energia começar a me envolver.

Era sempre assim quando eu participava daqueles rituais.

- Ó poderosos espíritos do além mundo! Poderosas entidades que flutuam entre o espaço-tempo! Senhores da compreensão! Senhoras da sabedoria! Estamos nós quatro aqui, humildes almas não elevadas, para tentar entender a dor e a aflição que envolvem essa casa com seu manto de terror! – E baixando a cabeça num gesto súbito Giovana sentenciou – Eu me ofereço como instrumento para vocês essa noite. Qualquer ser disposto a dar um recado é livre para usar meu corpo como seu instrumento. Em nome do Grande Deus eu me tornarei a intermediadora. Amém.

O silêncio que se seguiu foi denso como aço e perdurou por mais tempo do que qualquer um julgava viável.

Para mim aquela foi a última lembrança do dia.

X

Foi difícil dizer se eu continuava dormindo quando abri os olhos, poderia muito bem ser um sonho esquisito, uma piada do meu cérebro desgastado. Quando abri os olhos o Sol invadia meu quarto por uma brecha na cortina, criando um feixe difuso que iluminava de um jeito mal iluminado. Pisquei algumas vezes tentando entender porque eu me sentia tão esquisita, minha memória era meio lerda pela manhã por isso até que ela pegasse no tranco fiquei observando o belíssimo trabalho em gesso no teto.

Então tudo veio à tona, ou pelo menos parte... Houvera uma incorporação e por algum motivo eu não lembrava de nada.

E sabia muito bem o porque...

Joguei as cobertas para o lado e quando me sentei precisei de mais esforço do que o habitual para me manter ereta, minha cabeça parecia um balão d’água que ondulava ao sabor do fluído. Massageei os olhos para ver se as coisas melhoravam e quando terminei percebi um pequeno netbook sobre a escrivaninha com o garrancho de Enzo escrito em um papel fixado a tela.

“Assista quando acordar”.

Me movi como uma drogada até o local desabando sobre a cadeira, os ombros pesando algumas toneladas. Havia um caminho escrito no papel, uma série de pastas que deveriam ser acessadas com um arquivo final. Deixei o computador ligar e aproveitei para dar uma boa espreguiçada e estalar o pescoço de uma forma que por pouco não fez as vértebras saltarem.

Abri o vídeo que Enzo indicara e o ritual da noite anterior saltou sobre a tela.

A imagem era esquisita através da câmera do Enzo. Ela estava posicionada atrás dele e há um metro do chão o que era suficiente para ver os quatro presentes na sessão, porém era uma visão estranha em relação aos móveis próximos. Para piorar a lente não se adaptava a escuridão como nossos olhos normalmente se adaptariam, tornando a imagem clara no halo de luz gerado pela vela mas de uma negritude avassaladora nos demais pontos.

O vídeo começava com Giovana falando sobre a vida, o universo e tudo mais e dizendo que seria a intermediadora de qualquer entidade que quisesse se comunicar. Minhas memórias só iam até aí me levando a reparar em como minha cabeça estava abaixada na imagem, do mesmo modo que a de Giovana. Padre Sávio estava com uma Bíblia em mãos e olhava de um lado para outro como se esperasse algo sair da escuridão a qualquer momento. Enzo era um mistério pois a câmera só focalizava o ninho de ratos sobre sua cabeça, contudo pela forma como ele rompera o silêncio pouco depois, não duvidava que um sorriso estivesse dançando em sua face... Giovana havia lhe dado algumas alfinetadas e é claro que ele não perderia a oportunidade de revidar.

- Acho que ninguém quer mandar nenhum recado, cara Giovana.

A médium continuou cabisbaixa mas um sutil movimento em sua cabeça foi suficiente para acusar que ela recebera o recado.

- Tudo a seu tempo Velasquez... – Ela respondeu ácida – Os espíritos sempre querem mandar recados e não vai demorar até que entrem em contato.

- A noção de tempo para as entidades é diferente da nossa, espero que esteja ciente disso.

Giovana abriu um único olho verde para fuzilar Enzo.

- Achei que tinha vindo documentar a sessão, não estragá-la.

- Eu apenas estou tentando ajudar.

- Ajudaria se ficasse de boca fechada. Essa sessão não é para me transformar numa antena, mas sim num imã. Eu sou uma médium muito poderosa Enzo Velasquez e vai ser uma questão de tempo até algum espírito perceber isso... por bem ou por mal.

Houve um instante de observação entre os dois, rompido apenas por uma pequena nuvem branca que dançou sobre a mesa e rodeou a vela antes de desaparecer.

- Acho que os senhores deveriam ver isso... – a voz de Sávio saiu ligeiramente trêmula, exatamente igual ao dedo que apontava para mim.

A seguir a imagem foi de ruim para péssima porque era a visão da pequena câmera que Enzo trazia consigo. Além de tremida eu tinha agora a péssima impressão de estar me vendo de um ângulo mais baixo e descentralizado.

Eu estava de olhos fechados, cabeça baixa e ombros caídos. Meu peito subia e descia num ritmo lento e tranquilo. Eu poderia passar como uma narcolepsa se não fossem os detalhes adicionais...

Havia uma leve fumaça cinza saindo de minha boca a cada baforada, como se a temperatura tivesse despencado algumas dezenas de graus, por um momento minha visão se tornou ainda mais esquisita pois Enzo ajustara um filtro térmico por alguns segundos, fazendo com que eu me visse em cores verdes e amarelas enquanto a fumaça que saía de minha boca brilhava vermelha como um pimentão. O filtro voltou ao normal, bem a tempo de ver dois filetes cinzas brotarem do meu nariz como catarro sobrenatural.

- O que é isso? – O padre perguntou e pelo movimento do vídeo era possível imaginar que ele estivesse revirando sua Bíblia atrás de informações.

- Ectoplasma – Enzo explicou – Talvez agora alguma coisa vá falar com a gente.

Padre Sávio fez uma interjeição de dúvida.

- Eu já ouvi falar algumas vezes a respeito disso, mas nunca soube de fato o que é esse tal ectoplasma.

- O termo foi criado por Charles Robert Richet, em 1913 – Enzo começou – Charles foi um importante pesquisador e chegou a ganhar o Nobel de Medicina por trabalhos relativos a anafilaxia. A partir de então ele realizou alguns estudos com a médium Marthe Beráud, mais tarde conhecida como Eva Carrière, onde há uma série de relatos de manifestações como essa.

- E para que, basicamente, esse ectoplasma serve.

- É uma via de comunicação. São raríssimos os casos em que entidades se manifestam no mundo físico sem a ajuda de um médium, o ectoplasma serve para fazer esse contato. Em muitos casos é possível ver até mesmo o rosto da entidade que está se manifestando.

A fumaça que saia de minha boca e nariz ainda era indistinta e amorfa demais para se identificar qualquer coisa. Seu peso a levava para junto da mesa onde se espalhava como gás mostarda por toda a superfície antes de desaparecer ao se fundir com o ar.

Enzo mexeu em alguma coisa com barulho de plástico ao mesmo tempo que a quarta pessoa presente na sala finalmente explicitou o que achava de tudo aquilo.

- Isso é impossível! – Giovana berrou com uma voz de gralha – Porque ela está sofrendo a manifestação?! Eu fiz o ritual!

A camêra continuava focada em mim mas era possível de notar a ira de Giovana se manifestando ao sacudir a massa ectoplasmática no ar.

- Eu posso não ter um pingo de capacidade paranormal minha cara Giovana, mas com Talita por perto isso é absolutamente desnecessário. Se você é um ímã ela é um buraco negro.

Enzo às vezes me elogiava assim mas eu me sentia meio que um objeto quando ele fazia isso.

Um pequeno frasco foi colocado diante de minha boca e pudemos presenciar um fenômeno esquisito... O fluído chegou a ser preso e o frasco hermeticamente lacrado antes de Enzo colocá-lo diante da câmera para que fossem captados os movimentos da massa em seu interior. O engraçado era que por mais hermético que o recipiente fosse isso não impedia o fluído de vazar como se fosse um corpo expelindo suor de seus poros. Poucos segundos se passaram antes do frasco outrora cheio estar vazio mais uma vez.

- Isso é um tanto intrigante... – Sávio manifestou.

- Isso era esperado. – Enzo respondeu. – Ninguém jamais conseguiu uma amostra de ectoplasma justamente por isso, eu já tentei prendê-la até mesmo em um frasco de chumbo mas ela o atravessou como se fosse uma membrana porosa.

- Uma substância de difícil manifestação e que não pode ser guardada e estudada... Realmente algo digno do sobrenatural.

- Chover já foi considerado sobrenatural padre. – Enzo retrucou – O que separa a ciência da magia é nossa compreensão a respeito do fenômeno. O ectoplasma pode ser um fenômeno inexplicável agora mas não tenho dúvidas de que mais cedo ou mais tarde vamos entender sua real natureza, seja ela física ou não.

- Algumas coisas não foram criadas para serem explicadas senhor Enzo, espero que um dia o senhor entenda isso.

- Porque vocês não deixam a discussão filosófica para depois – Giovana ralhou mais mal-humorada do que jamais estivera – Veja, está começando a se tornar sólido.

De fato, enquanto a discussão rolava o fluído ectoplasmático começou a sair também dos meus olhos. Minha face estava quase totalmente coberta e havia uma verdadeira bruma que escorria da mesa como uma cascata.

- Tem alguém aí? – Enzo perguntou e a bruma se mexeu ao som de sua voz, mas nada além disso. – Tem alguém aí? Se estiver pode se comunicar conosco?

- Você está fazendo a abordagem errada – Giovana disse e Enzo passou a tamborilar os dedos pela mesa.

A médium esticou o pescoço ficando bem próxima a mim, a essa altura meus ouvidos também começavam a cuspir a névoa, seria uma questão de tempo até que um capacete etéreo fosse formado.

- Nos diga quem você é e o porque está aqui – Giovana disse com uma voz tão autoritária que eu quase disse meu nome para o netbook.

A imagem ganhou um chuviscar que por um momento tornou meus traços indistintos, quando o foco voltou a bruma cobria meu rosto como uma máscara. Com um pouco de criatividade você conseguiria ver um rosto ali, dois pontos mais fundos representando os olhos, uma protuberância para o nariz, um corte para a boca. Claro que poderiam ser apenas movimentos aleatórios da névoa mas as pessoas tendem a ver rostos em tudo e naquela sitação não seria diferente.

- Eu só vou repetir mais uma vez... Quem é você e porque está aqui?

Naquele momento a névoa se mexeu e o que deveria ser uma boca se ondulou enquanto uma voz de mulher falava.

- Die billike... Wraak...

- Se você entende o que eu falo me responda de uma forma que eu entenda.

A névoa se mexeu mais uma vez.

- A justa... Vingança...

- A justa? Você é Adla?

A entidade não respondeu mas a névoa se deslocou um pouco para cima e depois um pouco para baixo, dando a confirmação da questão.

- E você quer vingança contra quem Adla? – A voz de Enzo irrompeu enquanto eu ouvia rabiscos vindos das anotações que ele fazia em seu caderno.

A expectativa fez meu coração borbulhar e eu percebi que havia chegado tão perto que meu nariz estava quase colado na tela. Voltei a mim pouco antes da resposta ser dada.

- Ele.

- Ele quem?

- Ele.

- Quem é ele?

A névoa amorfa se mexeu mais uma vez e de um dos orifícios que se imaginava ser um olho, um olho de verdade saiu. Não apenas a forma ectoplasmática mas sim um globo ocular completo, íris negra, órbita branca com pequenas veias vermelhas em sua superfície.

Pude ouvir padre Sávio lançar uma interjeição de nojo.

- Adla responda – Giovana interrompeu mais uma vez com uma voz que poderia parar até o Armageddom – Quem é aquele que você quer vingança?

O olho materializado virou na direção da médium e recuou alguns centímetros para dentro da bruma, a névoa então o cobriu como uma pálpebra normal faria com um olho. Quando a íris escura novamente apareceu trouxe um segundo olho com ela.

- É Luciano não é? – Enzo adiantou e os dois olhos materializados viraram para ele e para a câmera.

- Luciano... tem que ir... – ela disse e o ódio que seu olhar transmitia poderia ter trincado a lente da câmera.

Na verdade ela fez isso, mas o que trincou foi a cristaleira aos fundos, um som seco e vítreo que fez Giovana e Sávio se sobressaltarem.

- Ele tem que ir para onde? – A voz de Enzo continuou firme e pelo movimento da câmera eu soube que ele havia chegado ainda mais perto da entidade.

Adla se manteve quieta por um instante, então sua boca fantasma se abriu e do meio da bruma trinta e dois dentes saíram para que ela pudesse gritar.

- PARA O INFERNO!

A imagem chuviscou novamente e foi impossível saber o que havia acontecido, mesmo as vozes de Enzo e dos demais eram murmúrios distantes que poderiam ser classificados como estática. Quando o chuviscar desapareceu nada pôde ser visto pois as velas que cuidavam da iluminação haviam se apagado, mergulhando o mundo na mais profunda escuridão. Passos foram ouvidos mas era difícil dizer se seu causador estava vivo ou morto. Um flash iluminou a cena e manteve-se assim quando Enzo encontrou uma lanterna e a acendeu, revelando novamente as minhas feições que para surpresa de todos começavam a se tornar visíveis outra vez.

Nada de boca, nada de olhos, nada de bruma... A entidade que dominara meu corpo havia voltado ao mundo a que pertencera.

Assim terminou o primeiro ritual de invocação.

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Tive que postar uma parte maior ou sei que receberia algumas ameaças de morte... Enfim, continua 20/08

Gantz
Enviado por Gantz em 18/08/2012
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