Sepultada viva
Abri os olhos, somente escuridão. A consciência foi me dominando aos poucos. Eu estava presa debaixo da terra. Soquei o caixão, tentei gritar por socorro, mas a voz saiu sufocada. O ar rarefeito chegava fracamente aos meus pulmões, e depois de me debater inutilmente por alguns segundos, desmaiei. Despertei novamente. Alguma coisa andava pelo meu corpo. Apavorada estendi a mão e o toque me fez descobri que era uma espécie de larva. Logo, uma grande quantidade delas se espalhou pela minha pele. Vomitei enojada, e isso atraiu uma maior quantidade dos vermes para o meu rosto. Chorei em desespero enquanto ia perdendo novamente os sentidos. Desta vez o meu despertar foi diferente, alguém havia retirado o caixão da sepultura. A tampa foi aberta e uma luz fraquinha iluminou meu rosto. Tentei abrir os olhos, mas alguma coisa impossibilitava minha visão. Eu queria agradecer a pessoa que me resgatara, e cheguei mesmo a abrir os lábios, mas nesse momento compreendi minha real situação. O homem não estava ali para me salvar, e sim violar o meu corpo. Durante horas, ele profanou o meu corpo de todas as formas imagináveis, e quando o dia começou a clarear fui colocada no caixão e novamente enterrada. Assim o tempo foi passando. Durante o dia vivia debaixo da terra em companhia dos vermes, e a noite eu era retirada para aplacar os desejos de um cara demente. Descobri que ele fizera uma pequena abertura em um dos lados do caixão e por ela introduzira, uma mangueira que possibilitava a passagem do ar. Isso retardaria minha morte. A sede de vingança me tornou forte. Passei a me alimentar das larvas e de qualquer inseto que se aventurasse a me fazer companhia. Uma noite esperei que o sujeito me retirasse do caixão, e quando ele estava em cima de mim satisfazendo seus instintos bestiais, apertei seu pescoço com força. O homem tentou segurar meus braços, mas nesse instante uma ventania forte varreu o cemitério e algo o lançou dentro da cova aberta. Tentei abrir os olhos e percebi que estavam vendados. Tudo fora feito para que eu não reconhecesse o violador. Algo ou alguém se aproximou e retirou a venda, piscando por causa da luminosidade do dia que começava a nascer, me aproximei da cova. Tremulo de medo, meu ex-noivo chorava e tentava sair do buraco, mas uma força sub-humana o impedia. A piedade sempre foi um traço forte em mim, e mesmo com tudo oque ele havia me feito eu queria ajuda-lo. Olhei ao redor em busca de uma corda ou qualquer coisa na qual ele pudesse se segurar para sair, mas fui surpreendida com o barulho de terra caindo na cova. Mãos invisíveis, o estava sepultando. Seu grito de pavor foi ouvido por alguns instantes e logo, a paz voltou a reinar absoluta. Não havia mais nada a fazer ali, então lentamente deixei o cemitério. 15/08/2012