MEDO DO ESCURO
Já são 23:35 e não consigo dormir.
Há algo na escuridão que me atrai e ao mesmo tempo me assusta.
Tenho vontade de me levantar e acender a luz, mas meus pais me dariam a maior bronca se o fizesse.
Eles passavam a maior parte do tempo falando para eu não ter medo da escuridão, que não tinha nada que temer, que o escuro não abrigava monstros ou coisas do tipo. Será?
Deitado em minha cama observo formas estranhas se formarem pouco além da estante. Fico com medo, meu corpo se enrijece, minhas mãos ficam frias mas não percebo. Instintivamente fecho os olhos.
Há algo naquela escuridão que não quer se revelar. Parece estar ali, fixa, me observando, me analisando, me estudando...
Me viro de um lado para o outro sobre os lençóis e cedo a curiosidade. Abro novamente os olhos, e vejo nitidamente um rosto branco, desfigurado olhar diretamente para mim.
Tremo de medo e tento chamar por minha mãe mas minha garganta trava instantaneamente e fico sem outra opção a não ser mergulhar minha cabeça deibaixo dos cobertores.
O calor debaixo daquelas cobertas me faz suar, mas o medo é mais forte que eu. Começo a pensar em coisas boas. Nas brincadeiras com os amigos... em tudo que fiz durante o dia. Aos poucos me esqueço daquela visão aterradora e consigo dormir.
No dia seguinte, ao me levantar não escondo minha curiosidade e olho para estante daonde o rosto me observou. Não escondo o sorriso de alivio ao perceber minha camiseta branca jogada sobre ela, e constatar dentro de minha memória ter sido aquele o objeto que me causou tanto espanto.