Aos olhos do morto

Acorrentado a estes vergalhões

Um sádico inicia sua loucura,

Cortando das pernas os tendões

Em sua câmara de tortura

Não sinto as pernas dormentes

O sangue goteja pelo ferimento

Ele agora arranca os meus dentes

Em uma sessão de sofrimento

Minha respiração é ofegante,

Sinto minha pele sendo cortada,

Um cheiro de horror nauseante

É a perversão da carne retalhada

Agora cortando as cartilagens

Uma dor insuportável prolifera,

Vendo apenas as foscas imagens

Do sol que adentra pela janela

Ao redor vejo meus semelhantes

Todos com os mesmos destinos

Mortos por estas mãos retaliantes

Que agora retiram os intestinos

Em uma balança de precisão,

Observo o maníaco algo pesando

Parece ser um pequeno coração

E com os dedos está contando

Um número de coisas imprecisas

Sob a luz desta câmara de agonia

Enquanto pelas frestas as brisas

Esquentam essa maca tão fria

Agora eu vejo sua roupa branca

Vindo próximo de minha jugular,

Juntando a minha pele e a anca

Com a agulha pronta a costurar

Um médico para mim sorri

Esse não pode ser o meu corpo,

Será que eu mesmo morri

Enxergando pelo olhar do morto?

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 11/08/2012
Código do texto: T3825412
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