O último beijo do vampiro (miniconto)
Era o primeiro encontro e ele se mostrava apreensivo. Para garantir que nada saísse errado – tragicamente errado – ele se precavera de todas as maneiras possíveis: tomara um banho para não se confundir com o cheiro do morcego; tirara toda a craca das unhas longas, inclusive umas minhocas; passara uma maquiagem para disfarçar a cara de morto-vivo; bebera quantos litros de sangue fora capaz de encontrar a caminho da casa da moça e dera uns dois ou três pontapés no lobisomem que teimava em segui-lo.
Enfim sós. Seu coração parecia ter parado no peito. Devia ser amor. Ela lhe oferecia os lábios carnudos num biquinho tão irresistível que ele não conseguiu resistir. Tascou-lhe um beijo daqueles.
— Querida – ofegou, parecia que ia morrer engasgado com tanta paixão. — Você... você... comeu alho?