Bruxas de Salem

No inverno de 1.690 Jenny Hupper era uma menina de dez anos. De família católica, até então sempre se apresentou como uma menina quieta.

Seu pai era lenhador e sua mãe havia desaparecido pouco antes de seu nascimento sem deixar rastros. Os familiares a procuraram por anos, mas pelo insucesso das buscas, deram-na como morta.

Após o mês de outubro daquele ano a menina começou a ter atitudes estranhas. Costumava gritar com as pessoas e professar palavras de maldição. Em muitos momentos, sofria intensos ataques epiléticos, e após estes ficando ainda mais estranha, como se estivesse em outra dimensão, outro lugar.

Em Salem, os médicos com poucos recursos não conseguiam entender o que acontecia com Jenny, e por orientação do pároco local, diagnosticaram a doença como sendo do outro mundo, uma influência demoníaca.

Várias correntes de rezas passaram a acontecer todos os dias, no final de tarde, para que a pequena garota fosse liberta.

Um padre exorcista veio de muito longe para Salem. Com ritos antigos de interrogatório de espíritos fez com que a menina, possessa fizesse confissões.

Tipaca era o nome do espírito. Ela dizia ser uma bruxa, morta há anos em uma fogueira.

Tipaca dizia ser comissária do demônio maior, e sob pressão acabou revelando que Salem sofreria um forte ataque das forças do mal. Tipaca revelou ainda que a possessão da garotinha era consequência de um voto firmado por sua mãe, oferecendo Jenny para os espíritos do mal. Ela teria morrido em um sacrifício vivo, e seu corpo lançado em um rio, de águas escuras.

Os moradores foram tomados de medo e apreensão. Consideraram entre si que a melhor forma de evitarem que Salem fosse atacada seria combater o mal com mãos de ferro.

Dias após tal revelação, iniciou-se uma caça às bruxas. Casas que possuíssem objetos estranhos e mulheres com atitudes como as de Jenny eram levadas presas, e sob tortura, não tinham outra saída senão revelar, ainda que de forma mentirosa, serem bruxas praticantes.

Pessoas interessadas no mal de algumas pessoas revelavam falsamente terem sido atacadas por feitiços, acusando seus desafetos. Dezenas de mulheres foram capturadas. Algumas foram queimadas em praça pública. Muitas não tinham ligação alguma com a bruxaria.

Jenny foi encontrada morta, deitada em uma pedra, com um punhal no peito e vários cortes transversais sobre o corpo, num típico ritual de bruxaria.