Ataque noturno - Final
Os vampiros não estavam satisfeitos com a benzedeira. Apesar de não a suportar, os moradores estavam começando a aceitar sua sugestão de que a mortandade que assolava a cidade era causada por vampiros. Muitos se precaveram colocando réstias de alho nas portas e janelas, Oque de certa forma evitava os ataques. Os sanguessugas decidiram então se vingar. Eram duas horas da madrugada, quando quatro grandes morcegos invadiram a casinha humilde. A mulher deitada de barriga para cima parecia imersa em um sono profundo. Os bichos se aproximaram confiantes com enormes caninos á mostra. No momento, porém em que se preparavam para o ataque, uma cordinha que estava presa á mão da mulher foi puxada, e uma considerável quantidade de água benta, caiu sobre o trio demoníaco. Guinchando horrivelmente os morcegos procuraram a saída, mas a despeito de sua idade, a benzedeira tinha muita energia e coragem. De um salto ela os alcançou e empunhando uma cruz de prata, começou a rezar em uma língua estranha. Um á um os bichos foram caindo ao chão e recuperando suas formas humanas. Cada palavra que a mulher dizia, era um tormento terrível e logo os seres das trevas foram ficando imóveis e em seguida se transformaram em pó. Quando o dia amanheceu a benzedeira procurou o prefeito e se colocou á disposição para destruir o resto dos sanguessugas. Foi prometido á ela, uma nova moradia, bem como certa quantia em dinheiro. A mulher há um bom tempo, descobrira o habitat dos vampiros, e sabendo dos seus hábitos diurnos, entrou decidida no antigo casarão. Os monstros dormiam tranquilamente em seus caixões. Dois foram exterminados com facilidade, mas um despertou antes de ser atingido pela água benta, e com um ódio profundo avançou na mulher. Pega de surpresa ela ficou encurralada na parede. O bafo fétido da criatura estava bem próximo, e suas presas salientes eram a promessa de uma morte bem dolorosa. A benzedeira, contudo, não se sentiu intimidada, e começou rapidamente a tal reza forte, ao mesmo tempo em que aspergia água benta. Com um ricto de dor, o vampiro foi se desmanchando até se tornar um amontoado de cinzas. Satisfeita a mulher examinou toda a propriedade para se certificar de que não sobrara nenhum sanguessuga. Averiguação feita ela foi até a prefeitura dar as boas novas. O prefeito mandou que funcionários fossem ao casarão para constatar a veracidade dos fatos. Quando os empregados voltaram dizendo ter encontrado no local apenas cinzas, o esperto prefeito se recusou a cumprir sua parte no acordo. Disse que não havia provas suficientes de que os vampiros foram exterminados. Magoada a mulher saiu da prefeitura jurando vingança. De volta á sua casa, a benzedeira foi até o pequeno sótão que mantinha trancado, levando uma mamadeira contendo sangue. Uma criancinha loura sorriu satisfeita ao vê-la e rapidamente engoliu o líquido vermelho. Sua dentição estava começando a se formar, mas dava para notar que os caninos eram maiores que os outros dentes. Fim Vânia Lopes- 25/07/2012