“O Monstro do Morro das Antas”
“Existe mais mistérios entre o céu e a terra, do que supõe nossa vã filosofia”. Sheakspeare.
Lugar paradisíaco.
Freqüentado por todos por sua areia branca e as duas cachoeiras que pareciam ter vindo de contos de fadas.
A propriedade tinha donos?
Lógico que sim, mas deveriam morar na capital, magnatas e nem sabiam que o local existia.
De repente, este Oásis foi abandonado.
Nas claras águas começaram a desaparecer jovens crianças e até adultos, sem motivo aparente, pois se fosse afogamento achariam os corpos, coisa que não acontecia.
A notícia se espalhou e em breve, retornou o local a uma calma extasiante.
Só os pássaros e bichos voltaram a freqüentar o local. Vez enquanto incauto viandante, incauto ou ignorante sobre o perigo local.
Um mascate tirou suas fortes botinas de couro cru e refrescou os pés na água gélida do pequeno lago ao lado da cachoeira.
Não contente tirou o paletó e depois toda a roupa, começou a nadar.
De longe se ouvia seus gritos e o chapinhar de seus braços e pernas na água.
Por trás das folhagens, olhos de sangue sondavam.
O detetive Clovis chegou ao pequeno povoado.
Em frente a um prédio antigo.
Mesmo sendo centenário era o melhor do local.
Ali funcionava uma agência do correio, uma sapataria, farmácia, padaria e hotel.
Tudo era explorado pelo Senhor Elias.
Ele era um pouco de tudo, policial, delegado, farmacêutico, mas a freqüência era zero.
Primeiro pediu acomodações, conseguiu um quarto grande, embora houvesse poucos, mas também era hospedaria.
Perguntou ao Sr Elias:
-O senhor hospedou aqui, um senhor vendedor ambulante?
É meu conhecido, passa a cada seis meses, mas já faz seis que deveria passar e não veio.
Tenho até algumas encomendas que ele deixou de entregar.
Mas poderia ter se hospedado em outro lugar, ou passado direto?
-Impossível, porque aqui é o último contato com a civilização.
Daqui retornam não há nada só a fronteira.
O Senhor Samuel desapareceu, deveria ter passado por aqui há seis meses, sua família preocupada me contratou para localizá-lo e se possível levá-lo de volta.
Certa feita ele pegou malária e ficou cinco meses sem dar notícia.
Não sei como ajudá-lo, só se ele foi, mas ninguém seria tolo de passar naquele lugar.
-Que lugar é esse?
-Bem tem um lugar mal assombrado ou sei lá onde desapareceu muita gente, e não fica longe.
É ele passou por lá, não sabia e foi vítima do monstro, ou fantasma.
Sei lá.
-O senhor me ensina o caminho?
Posso fazer um mapa é fácil, só não sei o que o senhor vai encontrar.
Logo de manhã beirando às seis horas Clovis ganhou a estrada.
Ele era um sertanista que adorava o mato.
Tinha em seu currículo alguns salvamentos até de pessoas famosas.
Sua honestidade era inconteste.
Se não conseguia encontrar, trazia provas de fatos como foi que a vítima sumiu, mas só após tentar todas as possibilidades.
Neste caso, tinha dúvidas de encontrar o comerciante vivo.
Caminhou a manhã toda, por volta de meio dia, entrou em um lugar paradisíaco.
A cachoeira, o lago era maravilhoso.
Após alguns metros descobriu as roupas e os sapatos do comerciante.
Estavam estragados pela ação do tempo, mas não haviam sido tocados.
Realmente sua busca terminava ali, foi o último local do possível falecido Sr Samuel.
Não havia vestígio de luta.
Caminhou até próximo da cachoeira, como era época de seca a cortina de água era pouca e percebia-se algo escuro por trás das águas possivelmente uma caverna. Quando estava para entrar por trás da cortina d’água, ouviu um grito desesperado.
Misturado com o grito um grito ou chiado de réptil, crocodilo ou jacaré pensou.
Palpou sua axila para sentir a coronha de sua pistola quarenta e cinco.
Passou por vários túneis todos iluminados por luz azulada provavelmente fungos e musgos que brilhavam na parede.
Ao adentrar um salão enorme o sangue se lhe fugiu da face.
Um enorme lagarto acinzentado que caminhava sobre as patas trazeiras, parecendo um homem fantasiado.
À sua frente no chão, havia um corpo parece que atrapalhou o almoço do lagartauro.
O bicho virou em sua direção e gritou ou silvou outra vez.
Em uma rapidez incrível correu em sua direção.
Como mágica a pistola colt apareceu em sua mão. Descarregou o pentes de balas sobre o bicho que parou a poucos metros dele.
Colocou rápido outro carregador, mas parece que a fera havia morrido.
Tentou reanimar a moça do desmaio que acordando se agarrou a ele.
Conseguiu por gestos e palavras entrecortadas saber que ela havia sido agarrada as margens do pequeno lago e arrastada juntamente com seu pai.
Temia que ele houvesse sido devorado pela fera, o que foi confirmado em outra caverna acharam seus restos mortais, ou o que sobrou dele.
Havia uma enorme quantidade de ossos.
Parece que a fera brincava com eles em seu deleite.
Ela habitava nas cavernas e caçava no lago sendo o causador do desaparecimento de todas as pessoas.
A moça órfã deveria ter mais ou menos quinze anos e devia ser de alguma tribo local.
Ninguém conseguia saber de onde era sua tribo que podia ser de além fronteira o que dificultaria muito mais a localização.
Após alguns dias juntos ficaram amigos e aceitou ela a proposta de ir para Brasília com ele, pois teria que levar as tristes noticias do comerciante.
Ficaram é lógico muito tristes com o fim do chefe da família e talvez por ter tido problemas idênticos perdendo seu pai se propuseram a adotá-la.
Após alguns meses uma família brincava à beira de lindo lago.
-Olha pai atrás da cachoeira tem uma caverna.
Olha que coisa esquisita que achei parece um ovo de jacaré e tem filhotinho.
-Como é grande, está se mexendo...
-Olá Sr. Elias estou de férias pode falar.
Uma família inteira sem vestígios?
Ta bem Sr. Elias vou aí amanhã.
Será que não morreu?
Mas eu descarreguei a arma nele...
Continua.
OripêMachado.