A LUZ NO FIM DO TÚNEL

Sentia-me selvagem de verdade, caminhando na natureza nua e crua com o vento em meu rosto, despenhadeiro de um lado, montanhas mais alta que prédios do outro e entre o mundo real e eu, um abismo... mas o que importava é que eu estava lá, respirando ar puro e sentindo a liberdade correr em minhas veias, a estrada de ferro desaparecia no horizonte, os trilhos brilhavam e pareciam evaporar com o sol escaldante do meio dia, eu seguia em frente a despeito do calor e sentia-me bem, vivo.

Chegando ao túnel cuja extensão desconhecia resolvi parar mesmo debaixo do sol e esperar um trem, pois não queria estar dentro quando ele viesse, porém passou-se mais de uma hora no calor de apenas alguns minutos e decidi seguir em frente apesar do perigo, era até mais emocionante assim.

O maldito túnel era realmente longo e a luz ia abandonando-me a cada passo adentro. Comigo seguiam os passos e uma sentimento de que já tinha vivido aquela cena, ruídos e sussurros atormentavam minha sanidade, mas eu seguia em silêncio, de repente nada mais daquilo que eu era fora dali fazia sentido e uma sensação de solidão invadia meus pensamentos, meu corpo, minha alma... e eu sequer acredito em alma.

Ela estava lá, a luz na outra extremidade... só mais alguns passos e estarei livre... mas percebo que há muitas pessoas comigo e todas querem a luz, todas querem chegar ao fim do túnel, algumas correm de um lado para outro inquietas, desesperadas.

São apenas sombras disformes de olhares parados, entorpecidos, mortos.

Esses seres de pensamentos vazios, não podem me ver, não sabem que estou ali, sinto um medo tão intenso capaz de materializar a dor. Sinto-me impotência diante da realidade desfigurada dobrando sobre mim, e pesando diante dos meus olhos, atraindo-me para o brilho da luz, só mais alguns passos e... não, espera! É isso! Não posso alcançar a luz, ela é o fim, a morte... não, não posso.

E o tempo correu rápido demais em volta do meu corpo inerte... então a luz veio até mim... Sentia-me selvagem de verdade...

Eliane Verica
Enviado por Eliane Verica em 09/07/2012
Código do texto: T3768725
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