Quem matou?
“Na madrugada de sexta para sábado, três crimes barbarizaram a cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul: dois estupros e um assassinato. Afinal, quem matou?”
Era uma quinta-feira. Hellen recebeu uma ligação convidando-a para uma festa de aniversário na casa de Carlos. Empolgada com a ideia, resolveu convidar também sua prima, Carolina para acompanha-la.
Ao final da missa, as duas pegaram um ônibus, dirigindo-se a um bairro pobre da cidade, conhecido pelo alto índice de violência. Maria, mãe de Hellen parecia pressentir o pior e enviou a ela uma mensagem no celular para que voltasse para casa, mas não obteve resposta. Ao tentar ligar, o celular da moça estava fora de área.
Trecho do depoimento de Carolina
“No meio da festa, em meio a algumas bebidas e muita música, um rapaz se aproximou de nós duas, puxando conversa."
Sua beleza era estonteante, até que chegou outro cara, no mesmo nível. A noite parecia ganha. Dois gatinhos para nós dois eram tudo o que procurávamos.
Após algumas horas de conversa, eu já estava meio tonta por causa das cervejas. Os dois rapazes nos chamaram para conhecer um quarto nos fundos da casa, onde nós três ficaríamos mais à vontade. A gente aceitou.
Chegando lá, eles abriram a porta e nós entramos, mas eles ficaram do lado de fora.
“No escuro, eles nos pegaram.”
Cercadas, as meninas tentaram fugir, mas com o uso de uma faca, um dos agressores obrigou as meninas a ficarem nuas.
Foram estupradas por mais de cinco homens. Agredidas e feridas, Carolina e Hellen gritaram que iria denunciá-los à polícia, ainda que fosse impossível reconhecê-los.
Um dos rapazes, irritado com os gritos das meninas atacou com golpes de faca. Carolina caiu no chão e desmaiou, mas Hellen não teve a mesma sorte. Com o rompimento de uma artéria pela faca do agressor, acabou morrendo.
Já no dia seguinte, Carlos, o dono da festa e também um dos agressores foi até a delegacia para denunciar o “suposto assalto”, tentando dessa maneira se livrar de represálias.
Segundo ele, quatro homens teriam invadido a festa para roubar e acabaram por estuprar as duas convidadas.
Na delegacia, os policiais logo desconfiaram da versão de Carlos.
“-Como um crime tão bárbaro que aconteceu na sua residência durante um aniversário, poucas horas depois você está aqui sorrindo?”, comentou o delegado.
Após a recuperação de Carolina, e com a ajuda de testemunhas que estava na tal festa, alguns interrogatórios revelaram possíveis nomes de suspeitos.
Um desses suspeitos foi preso no velório de Hellen.
Outros suspeitos, inclusive o aniversariante permaneceram foragidos.
Cinco nomes já faziam parte do inquérito como sendo possíveis agressores, mas todos estavam foragidos, inclusive o dono da festa, que após sair da delegacia como um potencial suspeito, simplesmente desapareceu do mapa.
Os poucos detalhes das investigações davam bases muito superficiais. Quem poderia suspeitar de uma festa em que o aniversariante e os convidados são vizinhos, amigos e alguns até parentes?
A possibilidade de uma armadilha não foi descartada. Como
A polícia não tem dúvida alguma de que o que houve foi uma armadilha minuciosamente planejada, que resultou no assassinato de Hellen, em um caso de violência sexual jamais visto por aquelas bandas.
Os policiais encontraram grande quantidade de armas, presilhas e cordas, usadas para amarrar as mulheres. O grupo teria preparado o crime com 15 dias de antecedência.
O mistério era revelar quem dos cinco acusados seria o responsável direto pelo assassinato.
Dias depois, três foragidos foram capturados. Todos negaram os crimes, principalmente o homicídio. Carolina, já recuperada não reconheceu nenhum dos quatro suspeitos. Por falta de provas, todos foram soltos e a investigação se seguiu.
Tempos depois, o mistério da morte ainda pairava nos registros policiais e na memória dos moradores. Carolina, em seu depoimento mencionou que o local estava muito escuro, e que todos falavam gritando e disfarçando a voz.
Afinal, quem matou Hellen Santana?