Proposta

Faziam dois anos que Alice havia morrido, porém Marcos não conseguia seguir normalmente com sua triste vida. Ele nunca deixou de se culpar pelo acidente. Aquela noite fatal nunca saiu de sua cabeça, lembrava de cada detalhe.

Era agosto de 96 estava muito frio e chovia do lado de fora, estavam em uma festa na casa de um casal de amigos. A lenha estralando na lareira mantinha o fogo aceso e fazia com que o frio ficasse apenas do lado de fora. Marcos na época com 25 anos estava sentando próximo ao fogo. Observava Alice que conversava com uma amiga mostrando o anel que ele havia lhe dado quando fez o pedido a menos de um mês atrás. Apenas um ano mais nova que ele. Sentia-se um rapaz de sorte observando as belas curvas de sua noiva cobertas levemente com um lindo vestido azul claro, caia-lhe perfeitamente parecia feito sob medida. Estava com seus cabelos ondulados vermelho-fogo caindo sobre os ombros. Seus olhos verde-esmeralda brilhavam de forma majestosa com a luz do fogo próximo. Seus lábios carnudos lembravam-lhe o sabor doce de seu beijo. Alice ali parada, a mais linda da festa, uma deusa grega da beleza.

Já passava de uma hora da manhã a festa contava agora somente com os amigos mais íntimos, quatro casais sentados próximos a lareira, conversavam sobre como tudo havia mudado, sobre como era quando jovens e sobre como é agora, falavam sobre suas carreiras que estavam começando e sobre como é a vida em família, embora ninguém fosse casado, a maioria noivos, apenas Pedro e Lidia eram namorados. Bebiam vinho.

Marcos queria ir embora, deveria voltar à firma somente na segunda, mas estava cansado. Trabalhava numa firma de advocacia e era considerado o melhor no seu ambiente de trabalho. Alice estava de férias, fazia faculdade de psicologia a noite e durante o dia ficava no apartamento do casal estudando. Levavam uma vida de sonho, pois o rapaz se formou cedo e logo começou a trabalhar e ganhar bem. Seu primeiro investimento foi em um apartamento de três quartos que deu a sua amada como presente de noivado. Mas o seu xodó era o carro que havia comprado, nunca teve muito dinheiro na infância, seu pai era um bom mecânico tinha um carrinho que servia apenas para quebrar o galho. Sr. Valter ensinou ao filho tudo que sabia sobre carros e embora o garoto fosse um aficionado nunca quis seguir a carreira do pai. Mas realizou o seu sonho de infância ao comprar aquele carro, um Mustang 66 prata com tudo que tinha direito. Conversível com bancos de couro, banco e pedais esportivos. Só havia uma coisa que Marcos amava mais do que aquele carro e era Alice.

Era pouco mais de uma e meia da manhã quando se despediram dos amigos e saíram da casa. Marcos abriu a porta do carro para sua amada, sempre fora um cavalheiro e Alice amava isso, em parte se apaixonou por ele por causa disso. Não que Marcos não fosse um rapaz bonito, pelo contrário ele até era, tinha um corpo normal não era gordo nem magro, cabelo curto, castanho escuro, ondulado, e olhos cor de mel que pareciam duas pepitas de ouro.

O casal partiu. Tinham uma longa estrada pela frente deveriam chegar em casa depois de pouco mais de uma hora. Alice estava meio contrariada por que achava melhor esperarem a chuva passar. A chuva havia aumentado a estrada estava molhada. Alice buscava um CD para ouvir no rádio, Marcos se concentrava na estrada e de vez em quando olhava para o lado para admirar seu amor com um leve sorriso no rosto. Ela estava mais linda do que antes, a sua pele úmida por causa da chuva brilhava e seu cabelo repousava sobre o ombro esquerdo. A estrada estava deserta não havia uma viva alma, de um lado da rodovia campos e mais campos desertos, vez ou outra aparecia um pequeno chalé solitário no meio do campo. Do outro havia um grande morro. O rapaz estava com sono e começou a piscar demorado. Alice perguntou se queria que ela dirigisse, ele apenas disse que não era necessário precisava apenas de um beijo para ficar alerta. Ela não pensou duas vezes, levou o rosto próximo ao de seu namorado e os lábios fizeram sua mágica. Assim que afastou seu rosto do dele ela sorriu e disse que o amava, ele ficou olhando dentro de seus olhos hipnóticos. Até que achou que era tempo de mais, olhou novamente para a estrada afinal o carro ia a 120 km/h. A garota disse que quando chegassem em casa ela precisava lhe contar algo. Mas o sorriso ao final da frase disse a Marcos que era algo bom. E assim os dois continuaram seu caminho.

Era por volta de duas e quinze da manhã, já haviam percorrido a maior parte do caminho, agora os chalés apareciam com mais freqüência, a montanha havia virado um declive. Alice dormia ao seu lado com a cabeça apoiada em seu ombro, a chuva diminuía, mas a estrada ainda estava molhada, Marcos estava meio sonolento e resolveu diminuir a velocidade por precaução a estrada estava muito molhada e cheia de buracos. Faltando pouco mais de dez km para chegarem em casa um carro em alta velocidade passou e jogou muita água no pára-brisa do Mustang prata, por alguns segundos o rapaz não enxergou nada através do vidro. Quando viu estava indo na direção de um bloqueio que havia na estrada interditada, transformando-a em uma única pista, só teve tempo de frear e tentar desviar. A última coisa que lembra é o som das rodas berrando de dor ao atrito com o piche molhado da estrada, o som dos vidros se estilhaçando ao chão, o som de lata retorcida batendo contra o solo e um grito de dor de alguém que acorda no meio de um acidente de carro. Haviam capotado três vezes antes de o carro parar de cabeça para baixo. O silêncio. O quase silêncio. O único som que ouvia agora era de finas gotas de chuva que caiam em pequenas poças da estrada. Sentia sangue escorrendo pelo seu rosto misturado com água da chuva, um gosto amargo em sua boca. Procurou por Alice, mas não conseguia vê-la, ouviu um pequeno gemido de dor vindo de trás do carro virado. Saiu mancando na direção do murmúrio de dor, a cena que viu jamais saiu de sua mente, como uma tatuagem macabra feita diretamente em seu cérebro. Sentiu seu corpo todo tremer quando viu sua amada deitada no chão aproximadamente a cinco metros do carro, ela fora jogada pra fora. Foi em sua direção e a tomou em seus braços, o sangue escorria de sua cabeça misturando-se ao seu cabelo molhado pela água da chuva. Mal sabia onde era cabelo normal e onde ele estava sujo de sangue. Não acreditou naquela cena, não o seu amor. Ela tentava balbuciar alguma coisa para ele, mas o máximo que podia ouvir é “eu estou...”. Ele colocou um dedo em seus lábios e disse para que não tentasse falar nada que o socorro já estava chegando. Havia uma casa próximo, uma luz acesa, alguém na janela viu o que ocorreu e chamou ajuda. Ouvia sirenes ao longe, mas tudo que importava era sua amada, ele a abraçou forte para que o anjo da morte não a levasse de seus braços, os lábios de Alice se moveram e Marcos viu nitidamente o que ela queria dizer. TE AMO. Os olhos de Alice fecharam-se para pela última vez. Ela dormia o sono eterno. Não importa o quão forte ele segurasse o anjo roubou ela de seus braços para sempre. Marcos aproximou o rosto de sua amada e fez com que os lábios fizessem sua mágica pela última vez. Olhou para os céus e um grito de dor misturado com raiva saiu do fundo de seu coração. Marcos nunca mais seria o mesmo.

O pior momento de sua vida foi quando viu Alice ser levada dentro de um caixão para a cova fria, sua última morada nesse mundo. Aquele lindo cabelo que parecia ter vida própria agora largado sobre os dois ombros, seus olhos fechados como se estivesse dormindo um sono profundo, suas mãos repousavam sobre o peito onde um dia seu nome foi gravado. Apenas uma rosa vermelha deixou cair de suas mãos sobre o caixão. A rosa vermelha de Alice, da mesma floricultura de sempre, onde Marcos comprava uma rosa vermelha todo dia para que quando seu amor voltasse da faculdade esta estivesse sobre seu travesseiro. A garota amava aquele gesto, todo dia ao chegar ia direto para o quarto buscar sua rosa e sentir seu magnífico odor. Como eram bons aqueles dias. Totalmente diferente de hoje onde seu amor não pode mais retribuir o presente com um beijo apaixonado em seus lábios. Seu peito doía como se todas as rosas resolvessem se vingar ao mesmo tempo cravando-lhe seus espinhos direto no coração. Lágrimas caiam de seu rosto e molhavam a terra que aos poucos era jogada sobre a sepultura. Os amigos vinham lhe dizer palavras de consolo, mas nesse momento não existe nada que possa consolar um coração perfurado de espinhos de milhares de rosas. Aos poucos todos foram deixando o cemitério. Os familiares mais distantes, os amigos, por fim os pais. Marcos ficou sozinho ao lado da sua maior felicidade e agora sua maior dor. Em seu dedo ainda estava o anel com aquelas cinco letras que estavam gravadas para sempre não só no anel mais também em seu coração, sua alma. No pescoço uma fina corrente de prata carregava o anel com seu nome que um dia repousava nos dedos de sua amada. O tempo estava parado não sabia há quanto tempo estava ali sozinho. Sozinho... Sozinho, esta palavra tinha um novo sentido para Marcos. Nunca sentira tanta solidão em sua vida. Solidão, hoje ele sabia o que significava. Hoje ele entendia que você pode estar entre mil amigos e sentir falta de uma pessoa, isto é solidão. E não existe cura. Só quem viveu sabe como dói.

Já anoitecia quando ia para casa. Lágrimas secas no seu rosto, olhos vermelhos, terno preto já com a gravata enfiada em um dos bolsos e a camisa aberta. Pensava em como chorou, achava que não tinha mais lagrimas. Quando entrou no apartamento percebeu que estava errado. Assim que abriu a porta de frente para ele havia uma foto do casal no dia em que ele pedira Alice em namoro. Lágrimas novamente. Cada canto do apartamento lembrava ela. O sofá onde juntos assistiam televisão ou apenas sentavam para ouvir música e conversar. Tomou um banho no banheiro onde muitas vezes se banharam juntos. Deitou-se na cama. Tudo estava errado. Faltava alguém do seu lado. Naquela noite dormiu abraçado na camisola que Alice usou na primeira noite que dormiram juntos naquele apartamento. Dormiu é modo de dizer. Acordou várias vezes durante a noite assombrado por pesadelos com acidentes de carro. Sonhou com o anjo da morte sorrindo enquanto puxava Alice pelo braço, enquanto a garota gritava para que ele não deixasse a criatura a levar. Acordou suado e gritando. Não conseguiu mais dormir. Eram sete horas da manhã. Ficou vagando pela casa com a camisola em uma mão e a foto de Alice na outra. Chorou. Chorou mais do que pensou que alguém pudesse chorar. Tentou ligar o rádio, mas tudo que era música lembrava ela. Desligou. Marcos era outro homem. Não tinha mais o sorriso de sempre no rosto, já não tinha o mesmo animo para trabalhar. Sempre que chegava em casa bebia uma garrafa de Tequila e dormia bêbado. Toda manhã levantava passava na floricultura e comprava uma rosa que levava até Alice, onde ficava durante horas. Durante meses os amigos tentaram o animar, o tirar de casa, mas tudo era em vão. Todos tinham medo de que ele fizesse algo ruim consigo mesmo. Aos poucos os amigos viram que ele não queria ser ajudado, a família que morava longe não recebeu mais notícias. Marcos havia se tornado um ermitão no meio da cidade. Como um altista fechado em seu próprio mundo de dor e lágrimas.

Certa noite durante o sono Alice apareceu em seu sonho, ela estava vestindo a camisola verde que ele não largava, e estava com um rosto muito triste parada em frente à cama que um dia foi dos dois. Marcos não entendia o porquê da tristeza dela se eles estavam juntos de novo. Ela disse que não poderia ficar e estava triste por causa dele. Ele não entendeu. Então a moça pediu para que ele vivesse a vida, pois, ela estava observando e ficaria feliz em ver ele feliz de novo.

Naquele dia sua vida mudou.

Marcos vendeu seu carro, pois, não conseguia mais olhar para a arma que matara sua amada. Ele resolveu voltar a trabalhar para fazer sua noiva feliz. Não estava feliz, mas se sentia bem em saber que estava fazendo Alice feliz onde quer que ela esteja.

Um ano se passou desde o dia em que Marcos viu Alice no seu sonho. Ele já levava uma vida normal, porém, ainda sentiu os espinhos. Todo o dia levava uma rosa e ficava conversando com Alice. Não agüentava mais aquela solidão. Não queria outro alguém, queria Alice de volta ela era seu amor, ela que havia escolhido para passar o resto de sua vida. Não era justo ela ter sido tirada dele tão cedo. Não conseguia aceitar. Sempre acreditara em Deus, sempre rezava, mas depois do acidente começou a duvidar não da existência e sim do plano de Deus para ele. Pensando que Deus o havia abandonado, abandonou Deus também.

Fazia dois anos que Alice havia morrido, porém Marcos não conseguia seguir normalmente com sua triste vida. Ele nunca deixou de se culpar pelo acidente. Se tivesse a escutado e esperado a chuva passar hoje estariam juntos. Hoje dia 2 de agosto de 1998, Marcos passou o dia todo no cemitério. Chorava e se perguntava por que isso tinha acontecido com ele quando alguém se aproximou. Um homem já de certa idade, cabelos grisalhos, usava um terno azul-marinho.

- Você é o Marcos, não é? Indagou o estranho

- Sim sou eu por quê? Respondeu assustado

- Fiquei sabendo da sua história e estou muito comovido.

- Comovido?

- Sim. O fato de você trazer uma rosa por dia. Tem homem que não faz isso nem pela esposa viva.

Marcos assustou-se com o conhecimento do homem sobre o que ele fazia, afinal não havia falado a ninguém sobre isso.

- Quem é você e como sabe o que eu faço? Ta me seguindo?

O homem sorriu e disse:

- Não. Mas posso responder essas questões apenas com uma resposta.

Marcos já estava ficando brabo com o homem xereta.

- Então responde logo antes que eu chame a polícia.

Novamente o homem sorriu amigavelmente. E disse:

- Eu sou o dono da floricultura. Estava conferindo os lucros e notei que todo dia no mesmo horário era vendida uma rosa vermelha. Perguntei para a atendente e ela mostrou o senhor. Então me lembrei do fato trágico ocorrido há dois anos na cidade. Não foi difícil deduzir o resto.

O rapaz respirou aliviado.

- Assim é melhor porque o senhor já estava me assustando. Mas me diga como poço ajudá-lo.

- Na verdade eu não vim pedir sua ajuda e sim, vim oferecer a minha.

Marcos sorriu e disse:

- O senhor só poderia me ajudar se fosse Deus ou algo do tipo. Nada pode curar a dor que ficou em meu coração.

O sorriso no rosto do senhor mudou para uma careta mostrando dentes extremamente brancos e rapidamente voltou a um sorriso só que diferente do anterior agora era um sorriso sarcástico.

- E se eu fosse? Marcos ouviu o homem dizer e respondeu perplexo:

- Como assim? Espero que o senhor esteja se divertindo com essa conversa por que eu não estou gostando.

O homem não sorria mais, agora gargalhava. Uma gargalhada sinistra e que rapidamente ficou sério novamente.

- O senhor estaria disposto a fazer qualquer coisa para ter sua amada de volta Sr. Marcos?

Marcos com uma cara meio de raiva meio de dúvida jogou as palavras para cima do velho.

- O senhor só pode estar tirando uma com a minha cara. Isso não se faz sabia? Eu estou aqui com a minha dor e o senhor vem me sacanear. Eu quero que o senhor vá pro inferno entendeu.

Agora o homem gargalhou mais ainda e disse:

- Pois eu vim de lá e só vou voltar quando terminar o que vim fazer. O senhor vai querer minha ajuda ou não?

- Quem é você e o que quer de mim?

- Sr. Marcos o senhor é mais difícil do que imaginei. Não notou um cheiro de enxofre quando cheguei?

- Agora estou notando... Você é o ...

O homem interrompeu Marcos antes que ele terminasse a frase.

- Sim. Sou eu mas não diga meu nome por que fica mais difícil de acreditar.

- Mesmo sem dizer é difícil de acreditar. O que você quer de mim?

-Ah! Marcos você não entendeu ainda. Não é o que eu quero de você e sim o que você quer de mim. O que estás disposto a fazer pra ter sua amada de volta?

Sem pensar Marcos respondeu:

- Qualquer coisa. O que você quer em troca?

O homem olhou satisfeito vendo que já tinha o que queria.

- Eu só lhe peço uma pequena coisa seu Marcos, muito pequena.

- O que?

- Eu lhe entrego sua vida ao lado de sua amada do jeito que era antes do acidente por uma coisa que você ainda vai ter.

- Como assim? Não estou entendendo.

- Como você sabe Ele mandou seu filho para a terra há algum tempo atrás. A única coisa que eu quero é mandar o meu também.

- E o que eu tenho a ver com isso?

- Eu lhe devolvo tudo se você me entregar seu primogênito. Você o criará, mas ele será meu filho. Em outras palavras você será o meu José.

Agora foi a vez de Marcos gargalhar

- Do que você ri Marcos?

- De você. É mais burro do que eu pensava. Minha mulher é estéril ela não pode ter filhos e eu nunca me deitaria com outra mulher.

- Você tem certeza? Por que até onde eu sei sua Alice só fez um exame. Os médicos às vezes erram

- Não diga o nome dela. Você não tem esse direito. É um tipo de exame que não tem erro o útero dela não servem para manter um filho. São 99% de certeza.

- Então melhor ainda pra você é a volta de sua amada que eu te dou em troca de 1% de chances para mim.

- Então como eu faço pra aceitar?

- É simples. Pegue aqui um pouco de terra do túmulo dela. Jogue de volta e diga: “ – Sobre o túmulo de minha amada eu aceito a proposta.”

Marcos se abaixou pegou um punhado de terra do túmulo, a mesma terra onde dois anos atrás sua esposa foi enterrada junto com a última rosa que tocou e as lágrimas de seu amado. Levantou-se e disse:

- Sobre o túmulo de minha amada eu aceito a proposta! E jogou a terra de volta.

O homem tocou de leve o braço de Marcos deixando apenas uma pequena marca em forma de tridente abaixo do pulso como se fosse uma marca de nascença. E sumiu ao mesmo tempo em que Marcos ouviu sua risada misturada a frase:

- Que assim seja.

No lugar onde o homem estava restou apenas uma labareda de fogo que Marcos ficou admirando, admirando até que fechou os olhos. Quando abriu notou estar deitado em um sofá em frente a uma lareira, ouviu música e vozes. Pensou no sonho maluco que acabara de ter era muito real. Rapidamente levantou a manga da camisa procurando pela marca, mas não encontrou nada. Respirou aliviado. Olhou para frente e lá estava ela, sua deusa grega, sentia como se não visse ela há anos. Correu em sua direção lhe abraçou e a beijou como se fosse o último beijo. Ao afastar seu rosto olhou bem no fundo daqueles hipnóticos olhos verde-esmeralda e disse:

- Eu te amo!

Alice nunca havia visto o seu noivo daquela forma só conseguiu retribuir dizendo:

- Eu também te amo mais do que tudo!

Os dois se beijaram apaixonadamente.

A noite passou perfeitamente. Aos poucos todos foram embora até que só restaram quatro casais a beira da lareira. Os oito amigos, a maioria se conhecia desde pequeno. Marcos estava cansado. Queria ir embora.

- Alice eu já estou cansado, vamos embora? Temos uma longa estrada pela frente.

- Mas meu amor ainda está chovendo muito e você está com sono. Você não vai trabalhar amanhã por que não passamos a noite aqui e partimos pela manhã?

No mesmo momento Marcos se lembrou do sonho, de como era real, da dor dos espinhos no coração. Foi só um sonho mais jamais agüentaria passar por aquilo de novo.

- Tudo bem. O que você quiser.

- É por isso que nos damos tão bem. E é por isso que te amo.

Marcos sorriu e beijou seu amor. Alice pediu atenção a todos por que tinha uma surpresa para seu amado.

- Bom. Escolhi falar na frente de todos por que são nossos melhores amigos. Marcos... os médicos se enganaram. Você vai ser papai eu estou grávida.

Todos aplaudiram. Ao mesmo tempo em que Marcos notou em seu braço uma marca de nascença que nunca estivera ali antes.