Seu fantasma na neblina

Todas as noites os pesadelos

Embriagam-me em tanto horror,

Fazendo erguerem-se os cabelos

Suados nos banhos em pavor

Sempre ao deitar eu percebo,

Sua presença me incomodar

É um misto de pavor e medo

Longos anos ao me deitar

Ouço-a com a voz tão calma,

Murmurar algo sem sentido,

Preenchendo a minha alma,

Com um horror desconhecido

Nunca muda a mesma imagem

De quando ela eu sepultei,

Parece real além da miragem,

Como se tudo presenciei

Veste sempre o carmesim

Quando morreu no casamento

Faleceu antes de dizer o sim,

E agora se tornou meu tormento!

Certo dia ao sono me despertar,

Fui a clareia buscar lenha,

O sol parecia não querer acordar

Travando a luta ferrenha

Ao caminhar pela trilha,

Envolveu-me densa neblina

Tão branca que até brilha

Vi a figura de uma menina

Andava com certa moleza,

Levando um buquê murcho,

De pronto nela havia beleza

Sem pobreza ou menos luxo

Os negros cabelos enrolados,

Reconheci de imediato

Grandes em pequenos cachos

Eu observei neste fato

Já não sei se a consciência

De mim foi-se embora,

Do que vale toda sapiência

Quando vejo senão agora

Um vulto seguir-me andando

Quando ando por esta sina

Minha esposa se aproximando

Era seu fantasma na neblina!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 04/07/2012
Código do texto: T3759897
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