Abstinência

Sozinho, na calada da noite , embriagado mais uma vez, permaneço oculto em minhas dolorosas lembranças, das quais jamais me libertei.

A solidão clama por meu nome , fazendo com que minha carne promiscua estremeça de medo , medo de gritar e não ser ouvido, de cair e não poder mais levantar, de amar e não ser amado. Medo de morrer sem ter ao menos vivido...

Meu corpo ignavo recusa-se a mover as peças do jogo, me mantendo sempre recluso aqui, no dorso da miséria , da infelicidade.

Dilacerado , meu peito continua a repudiar todos os sentimentos de estima , impulsionando meu ser blasfêmico a imergir nesta vasta penumbra.

Mesmo sobre o efeito do álcool, tenho em plena consciência que estou de frente para o abismo e prestes a tombar em meios à carnificina dos agourados Anjos Negros, que esperam ansiosamente por minha visita.

- Venham malditos! Saboreiem meu doce líquido rubro e viscoso, despertem a sede que jamais fora saciada, e façam de mim um amaldiçoado! Assim não me sentirei tão só , e não mais afogarei as mágoas em meu velho amigo Johnnie Walker.

Renan Insano
Enviado por Renan Insano em 02/07/2012
Código do texto: T3756708
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.