Abstinência
Sozinho, na calada da noite , embriagado mais uma vez, permaneço oculto em minhas dolorosas lembranças, das quais jamais me libertei.
A solidão clama por meu nome , fazendo com que minha carne promiscua estremeça de medo , medo de gritar e não ser ouvido, de cair e não poder mais levantar, de amar e não ser amado. Medo de morrer sem ter ao menos vivido...
Meu corpo ignavo recusa-se a mover as peças do jogo, me mantendo sempre recluso aqui, no dorso da miséria , da infelicidade.
Dilacerado , meu peito continua a repudiar todos os sentimentos de estima , impulsionando meu ser blasfêmico a imergir nesta vasta penumbra.
Mesmo sobre o efeito do álcool, tenho em plena consciência que estou de frente para o abismo e prestes a tombar em meios à carnificina dos agourados Anjos Negros, que esperam ansiosamente por minha visita.
- Venham malditos! Saboreiem meu doce líquido rubro e viscoso, despertem a sede que jamais fora saciada, e façam de mim um amaldiçoado! Assim não me sentirei tão só , e não mais afogarei as mágoas em meu velho amigo Johnnie Walker.