Conto Contado como se Não Fosse

naquele dia de anoitecido

veio-me diante do meu adiante

e disse-me aquilo

que não me ouvi:

como?

se eu nem estava ali?

mas conforme se conformava o tempo

e eu me desmoronava atento

observei que a verdade também mentia

e como um arcanjo o aquilo (so)ria...

e meu nariz principiou a sangrar

aquilo que nem sangue havia

mas bebi com tanta sede a sangria

que a atmosfera carregou-se de nãos...

e daquilo que não cantava

pairava algo que eu não estava

e o aquilo sabendo

como quem despreza

quanto mais minha falta secava

mais o vento que sempre te leva...

e se virava como quem não era

prometia como quem me odiava

e tu me vinhas sempre crime e vinho

e aquela companhia

que era estar eu sozinho

trouxe-me um brilho que lunava a faca

e então tornei-me lâmina

e o aquilo ainda mais a fêmina

e vi que algo

(quando lhe cravei o punhal)

em meu olhar estava torto

e enquanto o aquilo se erguia

(r)indo

eu caía morto

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Alessandro Reiffer
Enviado por Alessandro Reiffer em 28/06/2012
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