Terrores Noturnos: O que se oculta no armário?
Ana olhou docemente para seu irmão deitada na cama, era noite de sexta feira e aceitou ficar com Ryan para que seus pais pudessem sair, iriam comemorar o aniversário de casamento. Ela odiou a situação, porém a ideia dos pais passarem a noite juntos fora dela. Alisou os cabelos do irmão, que parecia assustado e perguntou:
- O que se oculta no armário?
- Medo. – Respondeu o garoto.
Ela sorriu abraçando-o forte e continuou a perguntar:
- E se você não tiver medo?
- O armário estará vazio. – respondeu ele com uma certeza nada convincente.
- Escute aqui – concluiu ela – eu vou sair do quarto, vou apagar as luzes e a única coisa que ficará aqui com você serão seus medos, e o único que pode expulsá-los é você, entendeu?
Ana havia escutado esse discurso da boca de um psicólogo, em um desses programas matutinos de utilidades para o lar que infestam a televisão, e achou por bem usa-lo com o irmão medroso. Ryan concordou balançando a cabeça e se ajeitando na cama, ela apagou a luz e saiu. Voltou para seu quarto, folheou uma revista e esperou dez minutos, era o tempo que geralmente levava para o irmão bater na porta do seu quarto pedindo para dormir com ela. O garoto não apareceu, a psicologia tinha funcionado.
Enquanto se preparava para dormir recebeu uma mensagem no celular, era de suas amigas dizendo como a noitada estava boa e ela estava perdendo. Praguejou por sua infeliz situação e dormiu rapidamente. Acordou pouco tempo depois com passos em volta da casa, permaneceu sentada na cama ouvindo, pensou em ligar para a polícia, porém teve medo de fazer barulho. Ficou quieta sem emitir um único som na esperança de que fossem embora, mas não foram, e os passos convergiram para a porta da frente.
A porta foi arrombada em um instante e os passos invadiram a casa, ela saltou da cama e ficou de pé, pensou em ir ao quarto do irmão, quando abriu a porta se deparou com dois policiais entrando no quarto de Ryan. Correu para lá e se deparou com o menino assustado sentado na cama e os policiais revistando o quarto, ela o abraçou e começou a perguntar o que estava acontecendo, mas eles estavam agitados e não prestavam atenção nela.
- Senhor da uma olhada aqui no armário. – gritou um dos policiais.
- Meu Deus! – exclamou outro ao olhar.
Ana ficou horrorizada quando um dos guardas iluminou o armário e lá dentro estava o corpo esquartejado de Ryan, quando se voltou para a figura em seus braços só havia o travesseiro de seu irmão coberto de sangue. Ela se levantou da cama chorando e correu para seu quarto, lá outros dois policias observavam armário, ela se aproximou para olhar e se ajoelhou desesperada observando seu corpo pendendo em uma corda lá dentro, o cadáver usava seu melhor vestido de festa e estava toda maquiada, sua língua estava fora da boca em um tamanho descomunal e seus olhos esbugalhados quase saltando para fora das órbitas.
- O que você acha? Assassinato seguindo de suicídio? – perguntou um dos policiais.
- Fecha essa porta, não precisamos ficar olhando isso, a perícia descobre.
A porta foi fechada com força e estrondosamente, foi como se todas as luzes tivessem sido apagadas para a garota, deixando-a na completa escuridão. Aterrorizada Ana sentiu os braços úmidos de Ryan lhe envolvendo com força, sua boca sussurrava palavras ininteligíveis próxima a seus ouvidos.
Ela acordou com suor escorrendo pela face e o coração palpitando, seus olhos voltaram-se como que por instinto para o armário, estava assustada, a porta estava entreaberta e pode ver pares de olhos amarelos lhe fitando e um sorriso sádico de satisfação em destaque no breu. Ela tinha medo, muito medo e seu armário não estava mais vazio.