Fazendo o serviço do senhor

Eram umas duas da manha e fazia tanto frio que fui obrigado a fechar as janelas do meu carro. Um gol mil usado, mas que ainda dava para o gasto. Estive aqui a noite toda esperando ela chegar. Pessoas vão e vem caminhando pela praça, às vezes acompanhadas da família ou as vezes com namorados, porém o que havia em comum em todas elas e que pareciam muito felizes. Eu me sinto muito desconfortável com esse tipo de cena. Não sei o que é sorrir.

O tempo passava e qualquer pessoa normal já teria desistido e ido para casa. Para o conforto do lar e da família onde veria televisão numa grande sala confortável. Uma pessoa normal é claro. Eu sabia bem que isso não era para mim. Além do mais o que tem de tão ruim em esperar? A antecipação do ato e muitas vezes mais prazeroso que o ato em si. Eu tinha todo o tempo do mundo enquanto mastigava um cachorro quente frio acompanhado de uma coca diet para planejar todos os meus passos. A vida é como um jogo de xadrez é preciso paciência e acima de tudo um bom planejamento antes de cada jogada.

Enfim minha espera foi recompensada e pude ver junto a um grupo de adolescentes que vinham da quermesse minha doce vitima. Não sei o seu nome, nunca a vi na vida e provavelmente nunca a conheceria se não a tivesse visto num daqueles programas educacionais da televisão. Uma professora em inicio de carreira, com um futuro brilhante pela frente. Seus cabelos ruivos e ondulados balançavam sob a acao do frio vento noturno contrastando com sua pele branca como as nuvens. Vestia um vestido vermelho simples, porém muito elegante e usava saltos altos da mesma cor. Era a própria visão do pecado.

Eu odeio o pecado. Fui criado numa família muito integra e desde pequeno ouvia sobre as vantagens de combater os pecados e exterminar da face da terra os maus. Bem, era exatamente isso que eu fazia, de um jeito peculiar, porém, cumpria com louvor minhas tarefas sabendo que futuramente eu teria um lugar reservado no céu. Sem tempo para mais divagações, ela agora se despedia dos amigos e caminhava sozinha em direção de casa.

Esperei ate o ultimo amigo sumir ladeira abaixo e sai do carro. Claro que eu deixei uma distancia bem segura entre mim e ela de modo que de forma alguma ela suspeitasse que estivesse sendo seguida, ademais, caminhava trôpega como os bêbados. Seus sentidos de alerta estavam todos adormecidos, com certeza. Sorrio e segurando a bela faca de caça dentro do meu bolso comecei a segui-la.

A rua estava calma e deserta como eu sabia que estaria nessa hora da noite. Em dando momento a moça pareceu vacilar e acabou tropeçando em uma falha da calçada. Como bom cavalheiro que sou rapidamente me aproximei e ajudei a levanta-la. Desconcertada e visivelmente alterada formulou algumas desculpas, mas logo se acalmou quando me ofereci para levava ate em casa, já que eu morava por perto. Besteira eu moro a vários quilômetros daqui.

Se sentindo confiante me permitiu carrega-la pela cintura e assim fomos ate que passamos por um beco bem escuro. Olhei novamente para os lados para me certificar que ninguém passava afinal todo cuidado e pouco. Satisfeito em saber que éramos as únicas almas vivas por ali a atirei para dentro do beco com toda forca. A jovem abalada conseguiu apenas soltar um rouco gemido de dor ao cair no chão. Como de costume retirei a faca e disse-lhe que se gritasse ou reagisse ela morreria. Com medo ela concordou. Que pena, mal sabia ela que iria morrer de qualquer forma.

Fiz sinal para que me seguisse ate o final do beco e chegando lá mandei tirar toda a roupa. Feito isso comecei a lhe ministrar um sermão sobre a virtude da monogamia e sobre o terror do pecado do sexo. Mesmo confusa ela apenas concordava com tudo sem soltar um ruído sequer. Retirei a bíblia de bolso que sempre carrego comigo do bolso do meu casaco e a fiz beijar repetindo comigo que não passava de uma vadia sórdida. Então a soquei com força e ela desmaiou.

Decidi purifica-la com meu próprio corpo e então a possui vigorosamente ali mesmo no chão. A cada gemido e grito que soltava eu a espancava mais e mais forte ate que por fim, após um ruído de clique, ela simplesmente não reclamou mais. Estava morta. Meu soco tinha sido forte demais e eu agora praguejava contra minha própria insensatez, pois com ela morta eu não poderia terminar de purificar o ventre da vadia pecadora.

Levantei e me vesti me certificando novamente que ninguém tinha visto nada, para minha sorte, a cidade agora era um cemitério. Retornei ao carro assoviando uma canção religiosa e então me lembrei de que tinha esquecido um pequeno detalhe. Dentro do carro retirei um terço de madeira bem trabalhada e o levei comigo ate o local onde jazia a vadia, atirei sobre o seu rosto e orei um pai nosso.

Pronto minha missão estava cumprida e finalmente eu voltaria para casa aquela noite com a certeza de que meu lugar no paraíso estava mais que acertado, pois com louvor eu fui o braço direito do senhor contra o pecado da luxuria, amem.

Dr Morte
Enviado por Dr Morte em 18/06/2012
Código do texto: T3730709
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