A moldura

A moldura

Embora parecesse inóspita, a estrada de terra vermelha era margeada por plantas rasteiras, onde de quando em quando, aqui e ali, surgiam pequenas flores silvestres de tons que iam do claro azul ao roxo fechado. Essas pequeninas flores faziam a alegria das festivas borboletas douradas. Ali, algumas vezes, surgiam pequenos pássaros, que pareciam estar reverenciando aquela impressionante imagem bucólica. Mas, apesar de toda essa beleza, o lugar tinha algo de misterioso e profundo. Só quando olhávamos um pouco mais a frente, é que percebíamos que a vegetação saltava rapidamente de rasteira, para densas árvores que formaria uma floresta fechada, escura e silenciosa. A pesar do paradoxo surpreendente, ainda é a moldura, que envolvia aquela singular paisagem, o fato mais inesperado desta historia, pois, percebi que aquela intrigante peça, fora feita com ossos humanos, e que, neste instante, aqui me encontro paralisada, com um frio metálico percorrendo-me a coluna e os olhos arregalados de pavor, ao constatar que o próximo quadro que estará nesta parede, provavelmente terá o meu fêmur ou o meu cúbito, como uma delicada moldura, nesta extraordinária pinacoteca dos horrores.

NADIA VENTURA
Enviado por NADIA VENTURA em 15/06/2012
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