Três mini-contos: Anamara, Anaestela e Anaí
Anamara, Anaestela e Anaí. Três tristes histórias de três mulheres, tomadas pela paixão e cujas vidas foram interrompidas por amor
ANAMARA
Anamara era moradora do interior e adorava cavalos. Um dia ela conhceu Renan, um capataz com fama de galanteador.
Certo dia os dois marcaram encontro atrás da igrejinha, na festa de São João. Trocaram muitos beijos, até que o homenzarrão a convidou para conhecer o celeiro. Moça prendada, Anamara recusou o convite.
Cheio de maldades, Renan deu-lhe um tapa no rosto, fazendo com que a moça caísse com a cabeça numa bigorna. Após sangrar e agonizar muito, a pobrezinha morreu e o capataz desapareceu.
A ingênua apaixonada morreu solteira e passou a morar no cemitérinho de poucas covas, no alto da colina. Dizem que toda noite já a viram com um vestido branco, sentada abaixo do portal principal do campo santo, triste e ainda toda desejosa a encontrar um noivo.
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ANAESTELA
Anaestela era moça bruta. Vivia arrumando brigas na escola, ainda nos tempos de adolescente. Mas qual mulher brava que não se derrete por um jogador de futebol bonito e famoso?
Pois é, João Pedro não era assim tão famoso. Apenas ganhava alguns troféus no time de várzea. Mas com todo aquele charme e tantas moças o atiçando, foi logo se interessar pela mais mal humorada.
A garota de dezoito anos se entregou aos encantos do bonitão e foram pra cama rapidinho. Uma, duas, duas dúzias de vezes! Era tanta paixão e desejo que nem se preocuparam com as consequencias. A pobrezinha nervosinha engravidou e logo veio o estresse. Ele não queria mais nada quando soube e quis sumir. Ela, se achando muito da esperta, tentou se livrar do feto logo nos primeiros dois vezes para não perder seu homem. E daí foi. Lá na casa da tal Joana dos Remédios, tomou um monte de beberagem até que o pobrezinho indefeso saiu ainda vivo.
Como a natureza sempre tem sua vingança, a toda bravinha teve hemorragia e morreu a caminho do hospital. Dizem por aí que lá no cemitério do "Chora Menino" em São Paulo ela ainda "vive", chorando pelas catacumbas, tentando a todo modo fazer o pequenino mal-nascido parar de chorar em sua consciência de morta.
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ANAÍ
Anaí era mulher toda decidida. Saiu pra trabalhar muito novinha e logo conheceu um tal de Alex, um típico vagabundo, no meio da Favela da Rocinha. A morenaça cor-de-jambo se acabava por dançar nos bailes e fazia a cabeça dos cariocas.
Mas era pelo Alex que seu coração mais balançava. Acredita que a danada, toda esforçada ainda emprestava dinheiro pro cara?
E na praia? Uma sensação só. Seu corpão encantava qualquer um que olhasse, mas só para aquele inútil namorado que seus olhos se voltavam. Chegava a ser areia demais para o caminhão dele.
Um dia, a mocinha saiu muito tarde da padaria onde trabalhava. Seu Claudio, um patrão com grande coração ofereceu-lhe uma carona para casa. Ao deixá-la no portão, o velho português foi assaltado e morto por um bocado de marginais, a mando, imaginem de quem...
E quanto a ela? Bem, o tal Alex ficou furioso ao ver o velho sarará dar-lhe carona e mandou os "maluco" assaltarem e matarem o velho. Quanto a ela, deu-lhe tantas pauladas na cabeça que a coitadinha acabou morrendo, dias depois por traumatismo craniano.
E lá no São João Batista ela ainda paira pelos túmulos, tentando limpar e tirar as flores velhas, pensando com isso ganhar algum dinheiro. Ainda acha que não morreu, mas, tadinha, já faz tanto tempo...