Linda de Morrer

"O centro comercial de toda capital é assim, mesmo". Dizia para os seus botões. "Ruas escuras, desertas e sinistras." A cada passo dado, a cada corredor é acompanhado por uma tensão natural de repente, poder encontrar com o inevitável." Quando saímos de casa, estamos em perigo".

- Pensava Aline,aflita. fazia serviços de telemarketing para uma empresa, de médio porte, com sede num prédio decadente do antigo centro comercial da cidade baixa. O ponto de ônibus ficava a mais de 300 metros do prédio da Comunicação&Cobrança. Ironia, o ponto de ônibus em frente á empresa, no passeio passava ônibus para todo mundo, menos para ela e para algumas poucas colegas, cujos maridos vinham buscar.

Notícia do jornal, naquela manhã, às 7:00 H: "O Psicopa faz mais uma vítima".

Sim, lera aquela notícia, e um frio insuportável apossou-se do seu ser. teve arrepios ao imaginar, quando largasse do seu turno e ter que andar pelas ruas desertas do Comércio. Ali, ladrões e sacizeiros atuavam roubando celulares e bolsas - tendo como vítimas preferidas as mulheres.

mas, agora, devia algo mais forte e sério. havia um psicopata atuando na cidade. Não tinham um retrato falado do mesmo, apenas o seu modus operandis - e as vítimas. retalhadas com cortes precisos. Principalmente, no rosto. E um golpe fatal no coração. deixava no tórax uma inscrição feito á bisturi: " Linda de Morrer".

No trabalho foi ironizada por uma colega de serviço:" muitas aqui podem ficar tranquilas, dizem que ele so ataca mulhere linda, linda de morrer".

Ligara para o seu esposo, o dia todo sem conseguir falar com o mesmo. Queria marcar um horário para que ele fosse buscá-la. Sem sucesso, o celular desligado." Estaria o maldito não querendo ser encontrado, estaria com outra mulher"? - interrogava-se.

Estava sem dinheiro para um táxi. Tinha as contas daquele mês, em atraso. 9:45 h. Aproximava-se a hora de largar o serviço. O que podia fazer?

Então, resolveu arriscar. seguia pela Avenida EEUU, vez ou outra passava um carro, um ônibus. estava ansiosa, confusa." E, se ele ficasse á espreita no passeio da avenida principal, pois, assim poderia eescolher a sua vítima "?

Então, de forma nervosa ganhava uma pequena rua escura, passos apressados, virava e retornava para a principal. A avenida parecia não ter fim, nunca chegava ao seu ponto de ônibus. Sua expressão facil lembrava o choro, o coração em disparada. Soltava lamentações por ter uma vida assim. A angústia lhe dominara o ser. " Merda de vida, merda de cidade, merda de seres humano. Não podemos viver em paz, quando não é o desemprego é a violência urbana".

Lembrou mais uma vez do que lera no jornal, também, ouvira no rádio de programa policial.

" O psicopata age de forma sorrateira. Tem enganado á polícia, enquanto isso, as suas vítimas vão crescendo na nossa abadonada cidade."

Foi desperta de sua reflexão por passadas as suas costas. Então viu um vulto nas sombras. Dirigia-se sem pressa na sua direção. Ela teve um aperto no coração. A respiração travou nos seus pulmões, quase imaginou-se soltando um grito de pavor - não conseguiria, tamanho foi o seu pânico.

"Pode ser apenas um sacizeiro, eles são de monte por aqui, pensava".

Logo em seguida, era atropelada por mais uma dedução: e, se o psicopata for um sacizeiro?"

Ela atravessou a rua a passos largos, quase sofrendo um atropelo. Distanciou-se do vulto nas sombras. Preoucupava-lhe ter que ficar sozinha no ponto de ônibus. seria vítima tão fácil quanto andar pelas ruas escuras e desertas.

- Deus, ajude-me. Deus, Deus....

Pedia em voz quase inaudível para si. Seguia andando a passos largos. sacou do celular e ligava para o marido, de forma nervosa.

- Diego estou aqui no meio do Comércio a esta hora da noite. Não tem uma pé de pessoa na rua. Estou desesperada, venha me buscar... E além do mais, tem essa história do psicopata atacando na cidade. Eu vou pegar um táxi. Você ta em casa, ta com dinheiro ai?

- Fique tranquila nada vai lhe acontecer. pegar um táxi? Ta doida? Isso vai dar mais de 40 reais. Pegue um carro para o Largo do Tanque, e la pegue outro pra casa.

-Mas não ta passando carro, estou sozinha no ponto, aqui ta escuro.

-Fique tranquila, se apegue a Deus.

O bônus do celular findara, deixando-a sem comunicação. Agora, sim, estava mais sozinha, e aflita. A Praça da Mãozinha, um verdadeiro paraíso de sacizeiro e de ladrões descuidistas. Ali, eram frequentes os assaltos a transeuntes.

- Eu sou bonita? Linda o bastante para atraí-lo?

indagava-se.

- Aquela invejosa, gorda e feia, debochou de mim, duvidou de minha beleza. Ridícula. Eu sou linda, sim. LInda de morrer.

-Sim...a senhora é ... Faz dias que venho observando-a. Admirando a sua elegância, o seu charme. O batom vermelho, as unhas sempre bem tratadas, com esmaltes coloridos. A pele bem tratada, de brancura diáfina. A senhora é LINDA DE MORRER.

Notícia no jornal policial mais popular da tv:

"O psicopata ataca mais uma vez".

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 07/06/2012
Reeditado em 28/05/2013
Código do texto: T3711256
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