Não Aposte Sua Cabeça Com O Diabo
Certa vez um amigo meu,
Apostara com o diabo,
Dizendo: - Dele ganho eu
No gamão, dama ou dado
Era um libertino bem sabia
E nas mesas de carteado,
Sempre em trapaça ganharia
Na aposta com o diabo!
Tudo que senão ele fazia,
Tinha que ter um
Com o capeta celebraria
Uma noite lembro-me bem,
Este fato enfim ocorreu,
Foi insano e digo-lhe além,
A mente jamais esqueceu
Caminhando na rua deserta
Com a luz a meio fio,
A noite negra assim desperta
Fazia-se escuro e frio
Um senhor de traje abastado
Fitou meu amigo ao passar
Olhou-o e ao muro recostado
Iniciou um breve dialogar
- Estive a tempo observando
Que o muro dessa mansão,
É alto e assim se elevando,
Não se pode pular o portão
Meu amigo de imediato
Respondeu-o com prazer
- Creio que este teu fato
É possível de se fazer
Só lhe digo o seguinte,
Antes que não se esqueça
Que esse meu requinte
Com o diabo aposto a cabeça
Se perder o nosso trato
Sua cabeça será o troféu,
Isto é real e este fato
Guardarei no mausoléu
- Pois bem que assim seja
Dou-lhe vinte reis de libra,
Se aquilo que tu deseja
Dentro de sua alma vibra
Volvi os olhos e lhe disse,
Que ao pular o vão fundo,
Não cresse na sua crendice
Pois se cair seria defunto
De nada adiantou- falar
Ele seguira sua intuição,
Correu e na hora de pular
Bateu-me forte o coração
Rodopiou todo o corpo,
E para sempre ele partiu
Na lança eu via-o morto
Quando sua cabeça caiu
Naquele instante pude claro ver,
Que aquele senhor de cajado
A cabeça decepada foi recolher
Era o velho e próprio diabo!