Pesadelo
Acordei e mais um dia,
Abria-se sobre a persiana,
Dia belo de tanta alegria
Início de uma nova semana
Percebi que o corpo pesava,
E eu não me locomovia,
Com tanto arfar me esforçava
Sequer um pouco se erguia
Tentei aos poucos me acalmar
Talvez fosse o sono pesado,
Que logo viria então dissipar
Estaria por fim acordado
Mas não movi um membro
Nada nem sequer o dedo,
Que loucura e já me lembro
O horror se tornava medo
O pensamento corria veloz,
Gritei tentando ser ouvido
Das cordas vocais nem a voz
Parecia não ter-me saído
O suor frio me molhava,
Era esta a minha realidade,
Quem sabe talvez sonhava
Com uma louca fatalidade
Pensei que talvez um socorro
Alguém poderia me acudir,
Senão preso ao leito morro
Sem conseguir senão fugir!
Passei algumas horas assim,
Confortando-me na loucura
Seria este mesmo meu fim
Um defunto sem sepultura
Em seguida algo aconteceu,
Senti um clima entorpecido
Todo o corpo imóvel moveu
Fui ver o que tinha acontecido
Um calafrio percorreu a espinha
Caminhei vendo meu retrato,
O pânico como refém me tinha
Quando entrei naquele quarto
Vi um caixão próximo ao leito,
E minha esposa chorando,
Não lembro do que havia feito
Com uma voz só murmurando
Havia um senhor no caixão
O paletó que parecia o meu
A mente entrou em convulsão
O falecido na mortalha era eu!