O Julgamento do Garanhão das Sombras

Fui conduzido até um salão amplo,a balbúrdia era intensa, deixando-me num clima de insegurança. cadeiras enfilheiradas estavam a minha frente. Dois guardas forçaram-me pelo ombro a sentar-me numa cadeira de madeira escura, frente a frente com àqueles que se diziam juízes dos pecadores. Figuras de aparência sofrível sentaram-se nas cadeiras á minha frente.

Velhos caquéticos, de olhar gélido e de voz pausada cochichavam entre si- vestiam-se como juízes. Aumentava a minha tensão. A platéia era formada por pessoas que se trajavam á moda dos mendigos. cabelos em desalinho e vestiam-se com trapos, farrapos. As mulheres eram à semelhança das bruxas descritas na baixa literatura dos contos de terror. Apontavam para mim e diziam:

- Culpado, sedutor, sexista, um criminoso cruel.

Uma senhora bradava assim:

- Ele arruinou a minha vida ao me separar da minha caçulinha, levando-a para a prostituíção, culpado, condenem-no.

-Silêncio, bradou um dos velhos, batendo um martelinho á mesa.

Ora, não me recordara de nada disso, para mim estas acusações soavam como delírio, um pesadelo exposto em nuances de cores vivas.

Então, áquele que se dizia o juiz de todos, o emissário das verdades e senhor das sentenças, disse assim:

- Não há compaixão, o julgado viveu no erro, no pecado. Conduziu à ruína famílias inteiras com suas ações nefastas vivenciando o sexo descabido, o comércio do sexo. Através da sedução levou mulheres à ruína. peço ao corpo de juízes que dêem o veredicto final.

Após minutos de silêncio sepulcral, e de troca de olhares por entre os velhos. papéis de cor escuro foram levados ao que se intitulava Juiz.

- Todos de pés, ja temos a sentença.

Um dos assistentes foi o encarregado de ler o livro negro que trazia a minha sentença. E, ele disse assim, com voz altiva:

- O réu era um promíscuo, mantendo relações de cunho sensuais com diversas mulheres sem vínculo sentimental. Casou-se, mas ocorria a manutenção de uma sexualidade sem limites. Matou, conduziu á ruína muitas famílias e muitas mulheres. Nunca entrou numa igreja. Apegado aos prazeres da carne e aos vícios diversos que a vida lhe oferecia. Traiu amigos, desprezou parentes, esqueceu-se da velhice dos pais. Tinha relações íntimas com as drogas, lícitas e ilícitas. Poderemos dizer que este senhor, conhecido como o Garanhão das Sombras era o terror das mulheres, e por fim, mais um que cumpriu o papel no mal, no pecado. Foi por toda a vida o condutor da infelicidade alheia. jamais praticou um ato de caridade. mesmo nas horas de folga, desperdiçava as horas na bebedeira, na jogatina ou nas casas de prostituíção. Não amigo de verdade para ninguérm. não servia, não acolhia. Não perdoava os que lhes faziam mal. Totalmente entregue aos vícios e de uma personalidade entregue ao egoísmo. Não foi, se quer um pai decente, ou um pai de família de valor. Estes, são os seus menores crimes. Homem da noite, montou diversos puteiros e arruínou a vida de diversas meninas, diversas famílias entregando suas filhas aos nossos criminosos da erraticidade, favorecendo à obsessão.

Após longos minutos de silêncio, onde ocorreram trocas de olhares entre todos, levantou-se o juíz .

Então, o Juíz bateu o martelo e setenciou:

-CULPADO.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 19/05/2012
Reeditado em 10/11/2012
Código do texto: T3676953
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