O Coveiro

Eis que lhe faço uma confissão

Da mente que se perdeu sã,

Que leva ao interior do coração

A imagem macabra de Satã

Perdoe-me se a eloqüência,

Oculta por detrás os desesperos

A aprisionar-me na demência

E devorando-me até estes cabelos

Debalde casei-me com a mulher

Que levara uma vida brejeira,

Senti por um instante qualquer

Apaixonar-me por esta faceira

Após longo tempo de namoro,

Da qual me fiz um homem santo,

Amando-a em divino decoro,

Fez ela do meu amor um pranto

Era uma promíscua por dizer,

Vivia ébria tanto a noite qual dia,

Custava-me fazê-la entender

Que sua infâmia era cruel vilania

Cansado de ser tanto ofendido

Planejei por fim senão matá-la

Tendo o meu orgulho tão traído

Seu cadáver eu iria ocultá-la

Ria para mim mesmo dizendo

O doce cemitério lhe aguarda

O ódio em mim ia-se crescendo

Como a nódoa em uma farda

Quando ela adormeceu ao leito

Dei-a um golpe de machado,

O arfar ofegante morrera no seio

Junto ao corpo desmembrado

Lavei o sangue que ainda escorria,

Por dentre o lençol ainda quente,

Só a lua era fora testemunha e via

A loucura insana de um demente

Enterrei-a próxima de meu jardim

Onde nasceu um enorme gerânio

Do perfume dela lembro assim,

Pois de meu amor guardei o crânio

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 10/05/2012
Código do texto: T3661127
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