Única Saída

Luce voltava pra casa após um longo dia de estudos. Estava exausta e precisava descansar. Tomou um longo e merecido banho, se trocou e foi dormir. Não conseguiu. Apenas ficou fitando o teto do quarto pensando na vida.. Pensando em como a vida é imprevisível e sempre dá voltas. Lembrava da infância, das brincadeiras na rua... Desejava voltar atrás e fazer aquilo tudo de novo. Perdida em suas lembranças e pensamentos, sem perceber adormeceu. Após algumas horas, ela acorda. Mas espere! Aonde foram parar suas coisas, mobília, e tudo mais? Aonde ela estava!?

Sua visão estava turva e o cheiro não era nada agradável. Enquanto se levantava do chão, podia ouvir algo se quebrando bem abaixo dos seus pés, como se estivesse pisando em conchas de uma praia. Ela começa a andar e apalpar as paredes. De repente o desespero e o terror a invade: Luce percebe que não há saída. Apenas uma pequena fresta por onde supôs que fosse a entrada de ar. Ela estava em um lugar escuro e fechado... Uma pequena sala apenas. Sozinha e assustada, Luce começa a gritar por socorro, porém de nada adianta. Ela não se contém e começa a chorar. Afinal, como isso pôde acontecer? Seria um pesadelo, talvez? Não. Aquilo era bem real, e Luce sabia disso. Então ela se lembra que tem um pequeno esqueiro em seu bolso. Ela o pega e ascende. A cena que estava diante de seus olhos a encheu de pavor e repulsa: cadáveres já em decomposição jogados em um canto da pequena sala exalava um odor fétido. E o que ela pensava ser apenas conchas, eram na verdade ossos secos e quebradiços. O que ela sentia era medo, desespero, horror e novamente começou a gritar. Gritava com toda sua força, até que, exausta, cai no chão de ossos. Ela estava faminta. Olhou o relógio e constatou que já haviam se passado 2 dias naquele ligar horrendo. Ela se perguntava até quando aquilo iria durar. As horar se passavam e ela estava com frio e com fome. E novamente se entregou aos prantos. Provavelmente morreria ali, com frio e sem nada para matar a fome, que à essa horas já a estava consumindo. Então uma ideia insana lhe veio a cabeça... Porém, ela dizia a si mesma que não se submeteria à aquilo. Ela deitou em um canto e começou a cantarolar antigas canções que sua mãe sempre cantava pra ela antes de dormir aos 8 anos. Isso de certa forma a acalmava. Fechou os olhos por alguns instantes mais não conseguiu dormir. A fome que sentia era tanta que avidamente pulou em cima dos cadáveres putrefatos e começou a devorá-los. Podia sentir aquele gosto horrível de carne podre e sentir as larvas mexendo em sua boca. Mas ela não se importava mais. Já se considerava amaldiçoada e isso certamente deveria acontecer. Então comeu... Como um animal ávido por alimento, ela devorou cada pedaço daquela coisa que deveria ter sido um braço algum dia. Passado alguns minutos, ela sente uma dor muito forte no estômago. Ela sente sua barriga revirar e vomita. O cheiro que antes era quase insuportável, agora já fazia parte dela. De seus olhos escorriam sangue, e de sua boca, larvas começaram a sair. Aos poucos, Luce foi morrendo... Agora ela se tornou aquilo que outrora ela pensava ser sua única saída.

Sueko
Enviado por Sueko em 09/05/2012
Reeditado em 09/05/2012
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