A morte

Vagando por uma noite solitária,

Vejo ao longe algo me seguindo

Uma sombra negra e mortuária

Em passos lentos vem surgindo

Emergido nas trevas do negrume

As roupas envoltas na mortalha,

O vento pestilento em perfume

Acossa-me diante da muralha

Palpitando o coração na angina,

Meu rosto em suor se banhava

O vulto negro cortava a neblina

E meu corpo no horror gelava

Um calafrio subiu-me a espinha

A respiração se tornou ofegante

Quem é a sombra que caminha

No vento frio e tão congelante?

Fitando-me em satânico olhar

A assustar esta alma benévola,

Tentando ao espírito rebentar

Com negra presença malévola

Os pés fracos em cada passo

Apressaram-se no meu andar

Eu fugia como se foge ao laço

Da forca próxima pra enforcar

Saindo das sombras escuras,

Vi a visão que me emudecia,

Tinha no olhar trevas impuras

Rindo daquilo que eu não cria

Correndo com os pés na areia

Sentindo ricochetear o coice

Pela névoa voltou-se a caveira

Nas mãos possuía uma foice

Os olhos ardiam transfigurados

Pressenti o bafejo de toda sorte

Os sinistros lábios desfigurados

Disse-me:- Sou eu a tua morte!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 05/05/2012
Código do texto: T3650929
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