Memórias de um Serial Killer 9
Capítulo 8
Nenhum de meus passos era dado ao acaso, não havia maneira de ser rastreado usando coisas que se podem comprar em qualquer lugar, as coisas mais inusitadas eram compradas fora do comércio convencional, de maneira que dificilmente alguém se lembraria de para quem vendeu.
No meu caso mais do que em todos os outros, o segredo é a alma do negócio.
Alguns podem me considera um monstro, mas não sou senão o fruto de uma sociedade onde os monstros caminham lado a lado com os anjos e os homens.
Todos somos monstros em menor ou maior escala, todos nós temos nossos segredos e nossos pecados que fingimos não existir. Todos nós temos desejos e paixões aos quais damos ou não vazão ao longo de nossas vidas. Muitos exorcizam os seus monstros interiores assistindo a filmes ou lendo livros que falam de coisas que gostariam de fazer mas não tem coragem de assumir os riscos.
Qual é o maior monstro, aquele que dá fim a vidas sem sentido ou aquele que finge que essas pessoas não existem quando passam por elas dia após dias no trajeto de suas casas e trabalho?
Afinal, as pessoas acreditam que os outros não têm recuperação ou apenas temem olhar o seu reflexo nesses menos afortunados?
Que se pode dizer dos que ficam torcendo para que o “lixo humano” da sociedade seja varrido para baixo de algum tapete bem distante e depois se sentem aviltados (ou fingem assim se sentir) quando alguém como eu passa a exterminá-los?
A mesma sociedade que clama por justiça quando se chacinam meninos de rua é aquela que tem nojo até mesmo de falar com eles, quanto mais de tentar ajuda-los.
A responsabilidade é sempre imputada ao governo ou entidades.