Enterrado Vivo

Ao despertar senti-me estranho

Tudo diferente em meu redor,

O perfume de terra e estanho

Pressentindo já assim o pior

Abrindo os olhos eu nada vejo,

Senão o negrume da escuridão

Diante de mim assim sobrevejo

Um cubículo frio na solidão

Distante podia ouvir as vozes,

Lamúrias e tristes lamentos,

Pessoas inocentes os algozes

Do terror de meus tormentos

Estou dormindo isto é fato,

Daqui a poucas horas acordo,

Mas com a destreza do tato

De nada anterior me recordo

Bato ao fundo do recinto

Com a mão o som é mudo

O pânico ao espírito sinto

Um ruidoso arfar agudo!

Onde agora estou que o grito

Da minha voz não se escuta

Que estranho e tão esquisito

Como beber do cálice a cicuta

E porque estou tão coberto

Rodeado de inúmeras flores

A mente enfim está desperto

Misturado a tantos odores!

Não pode ser o que penso,

O que ocorreu a mim,

Respirando tenso eu repenso,

Será este o meu fim?

Por isso ouvia o barulho oco

De algo metálico a bater,

Estou são, mas pareço louco,

Esta é a forma de morrer?

Debatendo contra a madeira,

Dentro do caixão eu senão rio,

No peito apenas a chiadeira

De uma noite vindoura no frio!

Não posso crer e nem dizer,

Meu destino foi condenado,

No horror então irei morrer

À cova inda vivo sepultado

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 04/05/2012
Código do texto: T3649086
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