O Corvo
Sentando em minha frente,
Resguarda a mim o tesouro
Com teu olhar indiferente
Ave Negra! Maldito agouro!
Pousas então ao meu leito,
Com um sobrevoo noturno,
Levando a tragédia no peito
Neste teu silêncio soturno
E aqueles olhos nauseabundos
Que enlevam tanto mistério
Negros! Assim tão profundos
Fitavam-me no luto funéreo!
Entre as covas e erguidas cruzes
Tua penugem na escuridão
Emergia como no terror as luzes
Em tuas asas de negridão!
Era o horror! A fúnebre cruz,
Que pendia ao meu destino
Negra penugem na débil luz
Desgraça no fúnebre desatino
Lembra-te ave!Que esta trova
É o calafrio de um estorvo,
Que me sepultas na tua cova
Maldito tu és negro corvo!