Janel- A garota da fotografia
Varsóvia, inverno de 1858. Em meio à maior epidemia de gripe de sua história, a Polônia buscava meios de conter o crescimento da doença incurável e de fácil transmissão, que se espalhava por todo o território.
O número de mortos já ultrapassava três mil e muitas famílias eram colocadas de quarentena, visando conter a doença.
Janel era uma garota de oito anos, que foi internada no único hospital da região que residiam seus pais, que eram camponeses.
Os dias foram passando e o estado de saúde de Janel se complicando, até que contraiu uma bronco-pneumonia e morreu. Quando a encontraram falecida na cama do hospital, a garota estava segurando uma boneca surrada, de pano.
Os pais da garota, muito pobres não puderam realizar um enterro e a mesma foi colocada em uma vala comum, junto com uma porção de outros doentes mortos. Ao seu lado, a boneca de pano.
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O ano é 1939. O exército alemão invade a Polônia, sob a desculpa desse país ter atacado e destruído uma rádio, a serviço dos nazistas, culminando com o início da Segunda Guerra Mundial.
Debaixo um frio intenso, soldados de Hitler tomaram um antigo hospital de Varsóvia, literalmente expulsando doentes e médicos para montar ali uma base militar. Várias pessoas morreram.
Com o fim da guerra, aos poucos a população ia reconstruindo os sobre escombros de suas memórias um novo país.
Sob uma nova visão, construções antigas e parcialmente destruídas foram postas por completo no chão, para dar lugar a novos empreendimentos.
O grande hospital de Varsóvia seria totalmente demolido, e sobre ele construída uma praça e memorial em homenagem ao grande número de doentes, mortos no local, vítimas da grande gripe do século 19.
Antes da derrubada, um fotógrafo soviético resolveu documentar este prédio por dentro, devido ao seu imenso valor histórico, assim como fez em outras edificações da cidade.
Após tirar várias fotos, quando estava para sair do local sua câmera escorregou, fotografando de forma espontânea um dos corredores principais, da ala de crianças.
Ao voltar para Moscou, o fotógrafo revelou as fotos que fez em seu laboratório particular. No dia seguinte, iria utilizá-las para as publicar em um importante jornal.
Ao analisar todas, para separar as mais interessantes, notou que tinha esquecido uma delas no varal para secar, voltando para buscá-la.
De repente, algo inexplicável aconteceu em tal fotografia. A tal fotografia, tirada espontaneamente no corredor exibiu uma figura do outro mundo: uma garotinha, sem os pés flutuava pelo corredor, carregando uma boneca de pano nas mãos. Em um dos pulsos da garota havia um nome, que embora muito pequeno, com o auxílio de uma lupa pôde ser compreendido: J A N E L.
A tal imagem perseguiu o fotógrafo por muitos dias em sua mente, até que meses depois, em um estado avançado de esquizofrenia, jogou-se do sexto andar de seu apartamento, vindo a morrer.
No local do antigo hospital foi construída a praça memorial. Durante as demolições e construção, vários operários relataram ter visto vultos e ruídos de choro, além de espirros, tosses e escarros.
Sobre um dos bancos da praça, uma rachadura se formou e para alguns, tal rachadura lembrava a silhueta de uma garotinha.
Certo dia, esta fotografia foi encontrada, digitalizada e espalhada pela internet. Se a encontrar, apague-a imediatamente. Talvez Janel queira sua atenção.