Amor mortal-final
O último homem-zumbi foi levado, breve seria minha vez. Eu estava muito debilitado. Não sentia fome, mas uma dor muito forte atacava meu estômago. Dificilmente um ser humano suportaria dias sem comer e beber, e ainda por cima sendo envenenado por aquele líquido que causava alucinação. Se eu suportei foi pela vontade férrea de continuar vivo, pelo ódio que me consumia quando pensava em Carlos e para poder contar ao mundo oque acontecia naquele velho sobrado. Tinha um plano e quando Melissa veio me buscar deixei que notasse que eu estava vivo. Acreditando que a transformação havia se completado não trouxe a maldita injeção. Ao perceber meus sinais vitais, ela praguejou e ao sair mandou que seu pai (o cara que me obrigou a beber aquela nojenta mistura) buscasse a seringa e me aplicasse à ampola mortal. Tudo estava correndo como o esperado. O homem voltou sozinho e quando se debruçou para fazer a aplicação, reuni minhas escassas forças e consegui me apoderar da seringa. Surpreso por minha reação, ele se distraiu e isso foi o bastante para que eu enfiasse a agulha em seu pescoço. Deixei seu corpo estendido no chão e com imensa dificuldade saí daquele quarto. Essa era a última chance que eu teria e a esperança de salvação me deu novas energias. Depois de percorrer um corredor escuro, cheguei àquela sala onde um dia estive preso e amarrado no altar. Vestidos totalmente de preto, Melissa e um rapaz, entoavam um cântico melancólico, enquanto uma senhora nua, simulava o ato sexual com um crucifixo. Estavam concentrados, aguardando talvez que minha transformação se completasse, e eu fosse trazido. Quis aproveitar esse momento e fugir, mas antes que me afastasse o rapaz virou para traz e gritou. Todo o meu corpo se arrepiou, pois não era um grito humano. Era uma voz tão poderosa que os castiçais no altar estilhaçaram. De posse de uma adaga, Melissa veio em minha direção e mais por instinto do que qualquer outra coisa, eu puxei a chave da porta e tranquei os três lá dentro. Urros de ódio foram ouvidos e em seguida gritos desesperados de socorro. Ignorando o terror sentido e as dores que explodiam por todo o meu corpo, me arrastei de cômodo em cômodo até sair daquela casa e alcançar enfim a liberdade. Fui hospitalizado e soube através dos jornais, que a policia invadiu a residência onde estive aprisionado, e encontrou os corpos de Melissa, de seus pais e os cadáveres de dois rapazes no porão, mas o jovem que estava no ritual no dia da minha fuga não foi encontrado. A perícia concluiu que as duas mulheres tiveram o coração arrancado. Até hoje tenho pesadelos e muito medo de que em alguma casa abandonada,o irmão mais velho de melissa esteja atraindo moços ingênuos para usufruto do seu parceiro e senhor, o demônio. Fim