Amor mortal-continuação

Após ingerir a fétida bebida desmaiei, e quando recobrei os sentidos vi que me encontrava em outro ambiente. Ao contrário do porão e da sala anterior, havia muita claridade.Estava deitado na parte de baixo de uma beliche e notei mais algumas camas do mesmo formato. Todas ocupadas. Meus companheiros de quarto eram todos do sexo masculino e como eu estavam nus.Estava zonzo, mas precisava continuar tentando fugir. Lentamente levantei da cama e comecei a avaliar o local.Não havia janelas e a única porta era gradeada e estava trancada.Não se ouvia o mais leve ruído.O silêncio era total. Eram quatro beliches, e seus ocupantes nem olharam em minha direção. Continuaram deitados na mesma posição.Será que estavam conformados com aquela situação?Não restava dúvida de que receberam o mesmo tratamento que eu.Precisava despertar neles a vontade de lutar, de escapar dali.Aproximei da cama mais próxima e tentei falar com um sujeito de cor escura,deitado na parte superior.Seu olhar vazio mostrou que seria inútil.Ele sequer sentiu minha presença.Fui de leito em leito e aconteceu a mesma coisa. Era como se todos estivessem em uma espécie de transe.Percebi que só um rapaz estava com os olhos fechados e ao examiná-lo com atenção,descobri que se tratava do meu amigo Carlos.Apesar de sua magreza extrema e de estar totalmente careca eu o reconheci.Uma pequena esperança me dominou.Juntos conseguiríamos recuperar nossa liberdade.Chamei seu nome,e ele não reagiu.Desesperado comecei a lhe sacudir,mas nesse momento escutei passos se aproximando e ouvi barulho de chaves.Foi só o tempo de me deitar e duas pessoas entraram no quarto.Fingi que continuava desmaiado e escutei uma voz conhecida dizer: “Esse está demorando muito.” Debochadamente a outra pessoa respondeu: “Você está péssima para escolher suas presas.Seu querido Carlos continua dando trabalho até hoje." “Melissa a dona da primeira voz,não gostou da observação e com visível irritação falou: “ cale a boca e me ajude a levar um que já esteja pronto.” Em seguida, ela e o sujeito que a acompanhava saíram carregando um dos rapazes, como se esse fosse um boneco.Levantei novamente e toquei o rosto do cara que estava deitado na parte de cima da minha cama. Os pelos da minha nuca se eriçaram.O homem estava morto! (continua) 21/04/12