AS CINZAS DE JÔNATAS

Jônatas morava numa chácara,perto da cidade, onde havia um pomar que era o seu xodó .

Durante a semana ele trabalhava duro,para dar o melhor para a família,mas nos finais de semana e feriados pegava forte:limpava o jardim,podava as plantas,colocava adubo,cuidava das pragas...

Jônatas ganhou uma muda de trepadeira "sete léguas", que crescia muito rápido e dava umas flores maravilhosas. Plantou-a no jardim, pertinho da janela do seu quarto.

Ele gostava tanto dessa planta que falava,nos encontros com amigos

e familiares:

-Quando eu morrer quero que coloquem minhas cinzas no pé da "sete léguas".

Num domingo de sol, após labutar no pomar, Jônatas se encostou no tronco da "sete léguas" e adormeceu.

Lá pelas 7 horas da noite quando sua esposa,cansada de esperá-lo,foi procurá-lo,encontrou-o durinho ao pé da planta.

Estava morto! Gelado! As formigas faziam fila para entrar na sua boca!

No velório,que foi na própria casa,as pessoas faziam vigília na sala.Tomavam café,comiam biscoitos e tentavam consolar os familiares

do morto.

O tempo foi passando,as pessoas foram ficando cansadas e lá pelas 3 horas da manhã começou um temporal que há muito tempo não acontecia por aquelas bandas.

Relâmpagos!

Trovões!

Um vento gelado que entrava pelas frestas das portas e janelas!

De repente a luz apagou!

As velas que cercavam o caixão do defunto também se apagaram.

No escuro,o pessoal ouviu um barulho nas janelas!

Uma lufada de vento e respingos da chuva invadiram a sala e alguma coisa começou a andar e crescer na direção das pessoas,que nesse

momento procuravam se proteger num canto da sala.

Aquela coisa medonha e pegajosa começava a se enrolar nos braços

e pernas das pessoas.As mulheres gritavam de pavor! As crianças,sonolentas, choravam de medo! Os homens,machos,se escoravam atrás das mulheres!

Quando um relâmpago clareou a sala todos viram abismados o que era aquela coisa!

A "sete léguas",o xodó de Jônatas,com suas ramas parecendo serpentes,cresciam numa velocidade enorme e avançavam buscando se enroscar no pescoço das pessoas.

Foi um corre-corre danado!

Foi um deus nos acuda!

Teve gente que correu tanto,mas tanto que até hoje tá perdida no meio da mata de eucaliptos que cercava a chácara.

Dizem que o último que saiu correndo da casa,pois estava no banheiro,

viu o defunto sentado no caixão falando:

-Quero minhas cinzas no tronco da minha "sete léguas"!Eu quero!

-Uuuuhhhh!!!...

Foi lindo!!!...